Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
94<br />
ramoso, híspi<strong>do</strong>, com o tamanho que varia entre 80 e 150 centímetros. Uma espécie<br />
autógama, ou seja, se reproduz in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> plantas vizinhas. Sua raiz se constituí<br />
por feixe principal e gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> raízes secundárias. Mas o seu “produto” não é<br />
um fruto e sim uma vagem 6 .<br />
A criação <strong>de</strong> uma cultivar melhorada geneticamente influencia diretamente<br />
na <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> outra, que nesse caso foi o café. Mais uma vez as particularida<strong>de</strong>s e<br />
singularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse processo não são primadas, mas a soja foi utilizada como objeto<br />
das políticas governamentais <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> agrícola, também <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>do</strong><br />
campo e elemento fundamental <strong>do</strong> dinamismo econômico da região.<br />
Nesse senti<strong>do</strong> é que a soja possui um papel fundamental. Anteriormente,<br />
como dito, as pessoas possuíam uma relação <strong>de</strong> trabalho direto com a planta, mas a<br />
partir <strong>do</strong> cultivo da soja, que também é o caso <strong>do</strong> feijão, <strong>do</strong> milho, trigo, o campo é<br />
invadi<strong>do</strong> pela máquina, a relação direta, como <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>, agora é mediatizada pela<br />
tecnologia e o conhecimento científico, ainda para aumentar a proporção <strong>de</strong>sse<br />
problema, o campo não é mais povoa<strong>do</strong> por colônias, gran<strong>de</strong>s casas, e assim acontece<br />
a inversão da população campo/cida<strong>de</strong>.<br />
Cornelius Castoriadis, um importante pensa<strong>do</strong>r grego <strong>do</strong> século XX,<br />
historia<strong>do</strong>r, militante político, psicólogo e filósofo, indica na elaboração <strong>de</strong> um<br />
conceito uma chave para compreensão <strong>de</strong>ssa problemática. O “imaginário radical” que<br />
nos distingue <strong>do</strong>s outros seres e que possivelmente nos concebe uma forma <strong>de</strong> coesão<br />
e unida<strong>de</strong> social. Fato importante que sem o mesmo, “*...+ Os humanos, ou antes, os<br />
humanoi<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sfuncionaliza<strong>do</strong>s teriam constantemente toma<strong>do</strong> os seus <strong>de</strong>sejos como<br />
realida<strong>de</strong>s, ven<strong>do</strong>-se sempre como to<strong>do</strong>-po<strong>de</strong>rosos, exterminan<strong>do</strong>-se reciprocamente<br />
sem nenhum limite ou regra. *...+” 7 (2007, p. 29),<br />
Deste conceito advém a instituição imaginária da socieda<strong>de</strong>:<br />
Há, portanto, essas alterida<strong>de</strong>s das socieda<strong>de</strong>s instituídas, e o<br />
fato genérico da instituição humana da socieda<strong>de</strong> geral,<br />
comportan<strong>do</strong> minimamente uma linguagem, regras <strong>de</strong><br />
reprodução, regras <strong>do</strong> proibi<strong>do</strong> e <strong>do</strong> permiti<strong>do</strong>, <strong>do</strong> lícito e <strong>do</strong><br />
ilícito, das maneiras corretas <strong>de</strong> produzir e reproduzir a vida<br />
material. E, cada vez, essa instituição da socieda<strong>de</strong> é outra, e<br />
6 Informações retiradas <strong>do</strong> site: http://www.cisoja.com.br<br />
7 CASTORIADIS, Cornelius. Sujeito e verda<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong> social-histórico: Seminários 1986-1987. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: Civilização Brasiliense, 2007.