Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Ocafé possui uma significância <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse discurso levan<strong>do</strong> em<br />
consi<strong>de</strong>ração, que durante a década <strong>de</strong> 50, Londrina foi consi<strong>de</strong>rada a capital mundial<br />
<strong>de</strong>sse cultivo. Sen<strong>do</strong> assim, po<strong>de</strong>-se perceber que esse título não foi consegui<strong>do</strong> por<br />
mera imaginação ou ficção, mas sim pelo en<strong>vol</strong>vimento direto <strong>de</strong> muitos corpos<br />
humanos e também que o campo era local on<strong>de</strong> a maioria <strong>do</strong>s contemporâneos <strong>de</strong>sse<br />
perío<strong>do</strong> vivia.<br />
Por conseguinte, no ano <strong>de</strong> 1975 acontece um gran<strong>de</strong> fenômeno climático. A<br />
geada <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> julho queima fisiologicamente to<strong>do</strong>s os pés <strong>de</strong> café. Lembran<strong>do</strong> que<br />
eles não são adapta<strong>do</strong>s ao clima norte paranaense, portanto não suportavam<br />
temperaturas <strong>de</strong> -1 à 1 grau célsius. No mesmo ano, era inaugura<strong>do</strong> o Centro Nacional<br />
<strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Soja na região norte <strong>de</strong> Londrina, esta instituição governamental<br />
fundamental nos processos <strong>de</strong> transformação <strong>do</strong> meio ambiente e também humano,<br />
pois a transição <strong>de</strong> culturas atinge diretamente o meio social, no perío<strong>do</strong> prece<strong>de</strong>nte,<br />
com o <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento das pesquisas cientificas <strong>de</strong> clima e solo e a criação <strong>de</strong><br />
cultivares e tecnologias.<br />
Desta forma é nessa ruptura que se concentrará a análise <strong>de</strong>sse presente<br />
artigo. A Primeira parte será referente à importância <strong>do</strong> tempo biológico <strong>do</strong> café e da<br />
soja na organização social <strong>do</strong> objeto espacial basean<strong>do</strong> essa parte no conhecimento <strong>de</strong><br />
Cornelius Castoriadis 3 . Por fim a realização <strong>de</strong> uma análise sobre o conceito “tempo”<br />
na tentativa <strong>de</strong> melhor compreen<strong>de</strong>r o dinamismo <strong>de</strong>sse processo coloca<strong>do</strong> na década<br />
<strong>de</strong> 1970.<br />
TEMPO DO CAFÉ, TEMPO DA SOJA; E O TEMPO HOMEM?<br />
Cornelius Castoriadis expressa na abertura <strong>de</strong> seu seminário na EHESS <strong>de</strong> 26<br />
<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1986 a seguinte frase: “Tempo e criação significa tempo e <strong>de</strong>struição<br />
3 CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da socieda<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra. 1982.<br />
CASTORIADIS, Cornelius; COHN-BENDIT, Daniel. Da ecologia à autonomia. Tradução Luiz Roberto Salinas<br />
Fortes. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1981.<br />
CASTORIADIS, Cornelius. Sujeito e verda<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong> social-histórico: Seminários 1986-1987. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: Civilização Brasiliense, 2007.