Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Comunismo soviético e suas vertentes não é uma tarefa fácil, uma vez que tal<br />
profissional tem <strong>de</strong> lidar com questões fortemente intrincadas no contemporâneo, e<br />
que estão en<strong>vol</strong>vi<strong>do</strong>s paixões, posicionamentos políticos e i<strong>de</strong>ológicos. Atualmente,<br />
po<strong>de</strong>mos classificar que as pesquisas sobre os Comunismos pós Re<strong>vol</strong>ução Russa<br />
dividiram-se – em muitos casos, mas não em uma totalida<strong>de</strong> – <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> em críticas<br />
severas e <strong>de</strong> outro, em elogios i<strong>de</strong>ológicos. Todavia, a pretensão <strong>de</strong>ssa pesquisa <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> se insere em um terceiro caminho, que consiste em tratar tal i<strong>de</strong>ologia<br />
como um processo histórico, como <strong>de</strong>monstra Osval<strong>do</strong> Coggiola:<br />
Os erros políticos <strong>do</strong> bolchevismo em 1917-1921 são tão<br />
responsáveis pelo advento <strong>do</strong> stalinismo quanto os erros <strong>do</strong>s<br />
jacobinos foram pela restauração da monarquia francesa. No<br />
bolchevismo <strong>de</strong> 1918-1921, encontravam-se elementos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>generação, assim como no bolchevismo <strong>de</strong> 1917 existiam os<br />
elementos da contra-re<strong>vol</strong>ução burguesa: isso equivale a dizer<br />
que o bolchevismo, como to<strong>do</strong> fenômeno histórico, era<br />
contraditório e permeável ao seu meio político-social 2 .<br />
Além <strong>de</strong>ssa concepção esboçada, vale ressaltar que não trabalhamos com o<br />
Comunismo como um conceito fecha<strong>do</strong> e homogêneo. Em nossa análise, ele será<br />
trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma forma plural, ou seja, como Comunismo(s). Torna-se um enorme<br />
<strong>de</strong>safio traçarmos uma <strong>de</strong>finição única <strong>do</strong> Comunismo. Ao tratar <strong>de</strong>sse tema no<br />
clássico Dicionário <strong>de</strong> Política, Giuseppe Be<strong>de</strong>schi traçou que a origem <strong>do</strong> conceito<br />
comunista remonta a Platão, e passou por releituras na Ida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, nas re<strong>vol</strong>uções<br />
inglesas e francesas, até chegar a sua concepção mais científica que ficou a cargo <strong>de</strong><br />
Karl Marx, que também sofreu uma reinterpretação elaborada por Lênin, na Re<strong>vol</strong>ução<br />
Russa 3 . Diante <strong>de</strong> tal quadro, como pensar no Comunismo <strong>de</strong> uma forma homogênea?<br />
Para dar conta <strong>de</strong> tal complexida<strong>de</strong>, iremos trabalhar com o conceito <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ias, como <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por Eduar<strong>do</strong> Devés Valdés: “Por “circulación <strong>de</strong> i<strong>de</strong>as” se<br />
entien<strong>de</strong> el proceso <strong>de</strong> emisión y recepción <strong>de</strong> las i<strong>de</strong>as <strong>de</strong>s<strong>de</strong> unas regiones hacia<br />
otras, asumien<strong>do</strong> que en este transcurso se van producien<strong>do</strong> mutaciones o<br />
2 COGGIOLA, Osval<strong>do</strong>. Outubro <strong>de</strong> 1917: bolchevismo, re<strong>vol</strong>ução e drama. In: MACIEL, David... [et al.];<br />
Re<strong>vol</strong>ução Russa. Processos, personagens e influências. Goiânia: CEPEC, 2007, p.38.<br />
3 BEDESCHI, Giuseppe. Comunismo. In: BOBBIO, Norberto... [et al.]; Dicionário <strong>de</strong> Política.Vol 1 A – K.<br />
Trad. Carmen C. Varriale... [et al.]; Brasília, DF: Editora <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Brasília: Linha Gráfica Editora,<br />
1991, pp.204-210.