Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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importante que a administração imperial entenda as características regionais, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong><br />
prover leis uniformes e a<strong>do</strong>te um sistema <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> as províncias tenham<br />
uma maior autonomia administrativa, ten<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promulgarem leis<br />
adaptadas a sua própria circunstância. Deste mo<strong>do</strong>, Bastos conclui que: “A<br />
uniformida<strong>de</strong> nos mata. Não! Não é <strong>de</strong> lei uniforme, por mais liberal e mais previ<strong>de</strong>nte,<br />
que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> ressuscitar o município; <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> isto <strong>de</strong> leis promulgadas por cada<br />
província, conforme as condições peculiares <strong>de</strong> cada município.” (BASTOS. 1937 p: 143)<br />
O pensamento <strong>de</strong> Tavares Bastos reflete o pensamento <strong>de</strong> um homem<br />
extremamente preocupa<strong>do</strong> com progresso <strong>do</strong> seu país e <strong>do</strong> seu povo, realista e com a<br />
visão sofisticada, <strong>de</strong> um liberalismo ajusta<strong>do</strong> as circunstancias reais <strong>de</strong> seu país. Cada<br />
uma das reformas propostas por ele foi pensada <strong>de</strong>talhadamente sob da<strong>do</strong>s concretos,<br />
o que faz <strong>de</strong>ste homem um gran<strong>de</strong> estadista, mesmo não ten<strong>do</strong> ocupa<strong>do</strong> a ca<strong>de</strong>ira <strong>do</strong>s<br />
mais altos cargos da administração imperial, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> geral da província <strong>de</strong><br />
Alagoas <strong>de</strong> 1861 a 1868 9 . De acor<strong>do</strong> com Bastos: “Suponha-se uma lei municipal<br />
vazada no mol<strong>de</strong> mais perfeito <strong>de</strong> um liberalismo consuma<strong>do</strong>; suponha-se a mais larga<br />
em suas bases e nos seus meios <strong>de</strong> ação; talvez não seja essa a melhor para o Brasil<br />
inteiro.” (BASTOS 1937p: 142)<br />
Mas em que grau o pensamento fe<strong>de</strong>ralista formula<strong>do</strong> por Tavares Bastos foi<br />
materializa<strong>do</strong> na constituição <strong>de</strong> 1891?Eis a pergunta que <strong>de</strong>u origem a este trabalho,<br />
e que a partir <strong>de</strong> agora terão os to<strong>do</strong>s os esforços <strong>vol</strong>ta<strong>do</strong>s a respondê-la.<br />
É importante lembrar ao leitor que a <strong>de</strong>scentralização político-administrativa é<br />
a questão chave da discussão feita por Tavares Bastos, para ele tal objetivo po<strong>de</strong>ria ser<br />
atingi<strong>do</strong> tanto no Império como na República: “Abstrain<strong>do</strong> <strong>de</strong> instituições que<br />
eficazmente assegurem a liberda<strong>de</strong>, monarquia ou república são pura questão <strong>de</strong><br />
forma.” (BASTOS, 1937p: 68)<br />
No entanto, o regime Imperial para continuar existin<strong>do</strong> precisaria passar por<br />
profundas reformas, caso contrário, a instituição entraria em colapso: “Os <strong>de</strong>stinos da<br />
monarquia no mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno, dizia Bastos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da habilida<strong>de</strong> com que saibam<br />
seus mentores convertê-la em instrumento flexível a todas as exigências <strong>do</strong> progresso”<br />
9 Ver mais em VIEIRA, David. Gueiros. O Protestantismo, A Maçonaria e A Questão Religiosa no Brasil.<br />
Brasília, Editora <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Brasília, 1980 p: 98 e 99