Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Consi<strong>de</strong>rai agora o la<strong>do</strong> propriamente político <strong>de</strong>ssa<br />
vasta questão, que mal po<strong>de</strong>mos esboçar. Dispensan<strong>do</strong>,<br />
conten<strong>do</strong> ou repelin<strong>do</strong> a iniciativa particular, anulan<strong>do</strong> os<br />
vários focos da ativida<strong>de</strong> nacional, as associações, os<br />
municípios, as províncias, economizan<strong>do</strong> o progresso,<br />
regulan<strong>do</strong> o ar e a luz, em uma palavra, converten<strong>do</strong> as<br />
socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas em falansterios como certas cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> pagão, a centralização não corrompe o caráter <strong>do</strong>s<br />
povos, transforman<strong>do</strong> em rebanhos as socieda<strong>de</strong>s humanas,<br />
sem sujeitá-las <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo a certa forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>spotismo mais<br />
ou menos dissimula<strong>do</strong>. Por isso é que, transplantada <strong>do</strong><br />
Império Romano, a centralização cresceu nas monarquias<br />
mo<strong>de</strong>rnas e com ele perpetuou-se em todas, tirante a<br />
Inglaterra. Por isso é que não po<strong>de</strong> coexistir com a república<br />
semelhante organização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r. Assim, absolutismo,<br />
centralização, império, são expressões sinônimas. (BASTOS,<br />
Tavares. 1937 p: 21) 8<br />
Seu esforço em dialogar com vários autores atua num senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar o<br />
quão se faz importante que a administração imperial entenda as características<br />
regionais, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> prover leis uniformes e a<strong>do</strong>te um sistema <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> as<br />
províncias tenham uma maior autonomia administrativa, ten<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
promulgarem leis adaptadas a sua própria circunstância. Suas constatações indicam<br />
que à medida que a centralização constitui alto grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento, há um<br />
retar<strong>do</strong> fatal no progresso, neutralizan<strong>do</strong> ou extinguin<strong>do</strong> as instituições locais,<br />
produzin<strong>do</strong>, portanto, o <strong>de</strong>saparecimento da liberda<strong>de</strong>.<br />
“A Província” representa uma resposta à centralização fundada ou<br />
restabelecida mediante as ruínas <strong>do</strong> Ato Adicional, é uma proposta <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>ra<br />
“enviada” à administração imperial visan<strong>do</strong> o restabelecimento das medidas, que nas<br />
palavras <strong>de</strong> Tavares Bastos, foram amputadas a partir 1840, <strong>de</strong>linean<strong>do</strong> a restauração<br />
<strong>de</strong> uma liberda<strong>de</strong> praticável pela via da <strong>de</strong>scentralização.<br />
A intenção <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> pensa<strong>do</strong>r era <strong>de</strong>monstrar que a centralização excessiva<br />
promove a ruína da administração pública, ou seja, não existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leis<br />
uniformes em to<strong>do</strong> o território nacional promoverem uma administração exemplar,<br />
pois existem peculiarida<strong>de</strong>s pertencentes somente a certas localida<strong>de</strong>s. Seu esforço<br />
em dialogar com vários autores atua num senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar o quão se faz<br />
8 BASTOS, Tavares. A Província: Um estu<strong>do</strong> sobre a <strong>de</strong>scentralização no Brasil. São Paulo: Ed. Brasiliana,<br />
1937.