Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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A partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong> congresso da UNE, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s comunica<strong>do</strong>s da FJD<br />
começaram a circular também as posições da Aliança Democrática Estudantil (ADE), <strong>de</strong><br />
grupos estudantis liga<strong>do</strong>s aos setores mais conserva<strong>do</strong>res da Igreja Católica e das<br />
Mães, apelan<strong>do</strong> contra a participação <strong>do</strong>s comunistas na UNE 32 . Além das disputas<br />
estritamente estudantis, Carlos Lacerda e o reitor da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>do</strong> Paraná, Flávio<br />
Suplicy <strong>de</strong> Lacerda, <strong>de</strong>ram início a uma forte campanha contra a greve por um terço, na<br />
qual também qualificaram a UNE como um centro comunista.<br />
Ten<strong>do</strong> no congresso da UNE um espaço para expor e disputar as suas posições,<br />
a FJD, por meios <strong>do</strong>s seus comunica<strong>do</strong>s, passou a tentar aglutinar estudantes e a<br />
<strong>de</strong>nunciar as restrições que os <strong>de</strong>mocratas supostamente sofriam durante o encontro.<br />
Tiveram início as <strong>de</strong>núncias <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> agitação comunista no próprio congresso<br />
estudantil. A FJD passou então a se reafirmar como <strong>de</strong>fensora da <strong>de</strong>mocracia e<br />
opositora <strong>do</strong> comunismo nos meios estudantis e se apresentou aos universitários<br />
como a promotora <strong>de</strong> uma “maratona cívica em favor da libertação <strong>do</strong>s estudantes<br />
brasileiros”, na tentativa <strong>de</strong> livrá-los <strong>do</strong>s “grilhões da minoria russificada que empolgou<br />
a direção da UNE” 33 . Nesse senti<strong>do</strong>, ao la<strong>do</strong> das <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> que a minoria comunista<br />
da UNE tentava “corromper, coagir, amedrontar e perseguir a maioria <strong>do</strong>s estudantes<br />
<strong>de</strong>mocratas, brasileira e nitidamente anti-soviética”, se mantiveram as acusações<br />
contra o que se entendia ser a “inimiga <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, que recebia contribuições <strong>do</strong><br />
peronismo internacional (Brizola) e conduzia o congresso com assessoria <strong>de</strong> técnicos<br />
comunistas da Rússia, China e Checoslováquia, autênticos espiões” 34 .<br />
Ao final <strong>do</strong> congresso, ainda com a continuida<strong>de</strong> da greve por um terço (já<br />
chegan<strong>do</strong> ao seu terceiro mês e bastante <strong>de</strong>sgastada), os discursos que se formaram<br />
em sua oposição, e em especial contra as esquerdas no congresso da UNE, tiveram<br />
reflexos imediatos. Da Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura surgiu um telegrama “repudian<strong>do</strong><br />
as atitu<strong>de</strong>s esquerdistas da entida<strong>de</strong>” (da UNE) 35 . Na <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Mackenzie, alguns<br />
centros acadêmicos reuniram os seus cursos em assembleias e se <strong>de</strong>sligaram da UEE-<br />
SP e da UNE, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral aprovan<strong>do</strong> cartas <strong>de</strong> repúdio as ações da entida<strong>de</strong>, que<br />
entendiam ser subversivas. Mesmo em faculda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> as esquerdas eram bastante<br />
32 O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 20/07/1962, p. 10.<br />
33 I<strong>de</strong>m, 13/07/1962, p. 06.<br />
34 I<strong>de</strong>m, 20/074/1962, p. 07; 19/07/1962, p. 07.<br />
35 I<strong>de</strong>m, 21/07/1962, p. 5.