Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Foi a partir <strong>do</strong> II SNRU, realiza<strong>do</strong> em Curitiba, que uma proposta <strong>de</strong> como<br />
chegar aos objetivos estudantis e uma linha <strong>de</strong> ação mais concreta passou a existir.<br />
Des<strong>de</strong> o I SNRU os estudantes <strong>de</strong>batiam a <strong>de</strong>mocratização da universida<strong>de</strong>, e<br />
um <strong>do</strong>s meios para que isso acontecesse era a participação <strong>do</strong> corpo discente nos seus<br />
órgãos colegia<strong>do</strong>s. Esses órgãos eram as Congregações, Conselhos Universitários,<br />
Conselhos Técnicos e Conselhos Administrativos, nos quais os estudantes tinham<br />
direito a uma vaga, geralmente ocupada pelo presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Diretório Central <strong>do</strong>s<br />
Estudantes (DCE). O problema é que para os setores liga<strong>do</strong>s a UNE, a representação <strong>de</strong><br />
apenas um membro nesses órgãos não possibilitava que as i<strong>de</strong>ias estudantis <strong>de</strong> fato<br />
tivessem representativida<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> foi sintetiza<strong>do</strong> por Roland Corbisier:<br />
“Só essa participação da mocida<strong>de</strong> estudantil, hoje esclarecida e<br />
i<strong>de</strong>ntificada com as aspirações populares e nacionais, tornará possível<br />
a transformação da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> em um instrumento promotor <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento, da emancipação econômica <strong>do</strong> progresso social” 7<br />
Para os setores que <strong>de</strong>fendiam a participação estudantil nos órgãos colegia<strong>do</strong>s,<br />
havia um conflito acontecen<strong>do</strong> no interior das universida<strong>de</strong>s. Interpretava-se haver<br />
uma contradição entre o novo e o velho, o re<strong>vol</strong>ucionário e o reacionário. Esse conflito<br />
era reconheci<strong>do</strong> a partir das i<strong>de</strong>ntificações que se fazia <strong>do</strong> corpo universitário<br />
dirigente. Se por um la<strong>do</strong> a UNE afirmava os estudantes como a “parcela mais<br />
comprometida com o futuro, mais aberta aos novos i<strong>de</strong>ais”, 8 o professora<strong>do</strong>, ou gran<strong>de</strong><br />
parte <strong>de</strong>le, era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como “frequentemente reacionário e acumplicia<strong>do</strong> com os<br />
interesses das classes <strong>do</strong>minantes”. 9 Consi<strong>de</strong>rava-se então que cabia aos estudantes<br />
protagonizar as mudanças que eles achavam necessárias, já que era entre eles que as<br />
novas concepções tinham mais abertura.<br />
Muni<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa interpretação, parte significativa das direções estudantis<br />
<strong>de</strong>cidiram a estratégia <strong>de</strong> luta pela reforma universitária. A forma <strong>de</strong> iniciá-la era<br />
<strong>de</strong>mocratizar os órgãos colegia<strong>do</strong>s amplian<strong>do</strong> a participação <strong>do</strong>s estudantes, na<br />
proporção <strong>de</strong> um terço <strong>do</strong> seu número total <strong>de</strong> membros, o que também foi chama<strong>do</strong><br />
7 CORBISIER, Roland. Reforma ou re<strong>vol</strong>ução? Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 1968, p. 129.<br />
8 Declaração da Bahia, I<strong>de</strong>m, p. 27.<br />
9 CORBISIER, p. 129.