Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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no sistema <strong>de</strong> ensino também era abordada pelos reitores das universida<strong>de</strong>s,<br />
professores em geral e pelos movimentos sociais. Dentre eles, o movimento<br />
universitário, que a partir da UNE, <strong>de</strong> suas congêneres estaduais e <strong>do</strong>s centros e<br />
diretórios acadêmicos, promoveu diversos <strong>de</strong>bates e estu<strong>do</strong>s em torno <strong>do</strong> tema, <strong>do</strong>s<br />
quais os Seminários Nacionais <strong>de</strong> Reforma Universitária (SNRU) foram os mais<br />
importantes.<br />
Os SNRU contavam com a participação <strong>de</strong> estudantes que representavam<br />
todas as regiões brasileiras e aconteceram <strong>de</strong> 1961 até 1963 4 .<br />
No I SNRU, realiza<strong>do</strong> em Salva<strong>do</strong>r, os estudantes nele reuni<strong>do</strong>s analisaram a<br />
universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto geral no qual entendiam que o país se encontrava.<br />
Segun<strong>do</strong> o seu resulta<strong>do</strong>, exposto em um <strong>do</strong>cumento intitula<strong>do</strong> Declaração da Bahia,<br />
o Brasil era uma nação capitalista em fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento, marcada por uma<br />
infra-estrutura agrária <strong>de</strong> bases latifundiárias, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das potências estrangeiras,<br />
insuficiente em seus padrões <strong>de</strong> vida e com um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio regional. 5<br />
Quanto à questão específica <strong>do</strong> ensino superior o I SNRU apontou que:<br />
“<strong>Universida<strong>de</strong></strong> e socieda<strong>de</strong> se interpenetram e se interinfluenciam<br />
individualmente. Uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>formada conterá uma<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong> igualmente mutilada. Reciprocamente, uma universida<strong>de</strong><br />
infiel às suas responsabilida<strong>de</strong>s históricas estará conforman<strong>do</strong> uma<br />
socieda<strong>de</strong> incapaz <strong>de</strong> auto-superar-se, insensível à auto-crítica, vedada<br />
à e<strong>vol</strong>ução” 6<br />
Para esses estudantes a forma <strong>de</strong> resolver o problema da questão universitária<br />
estava situada em um quadro maior, no qual as suas mudanças tinham que estar ao<br />
la<strong>do</strong> e em sintonia com as outras transformações que eram preconizadas pelo<br />
conjunto das reformas <strong>de</strong> base. O problema que então passou a se colocar para o<br />
movimento universitário li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela UNE foi <strong>de</strong> como essas mudanças seriam<br />
realizadas, e quem as realizaria.<br />
4 Não consi<strong>de</strong>ramos nesse trabalho, em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> recorte temporal, o I Seminário <strong>de</strong> Reforma <strong>do</strong><br />
Ensino (1957) e o I Seminário Latino-Americano <strong>de</strong> Reforma e Democratização <strong>do</strong> Ensino Superior<br />
(1960).<br />
5 Declaração da Bahia. In: FÁVERO, Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s <strong>de</strong> A.. A UNE em tempos <strong>de</strong> autoritarismo. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: Ed. URFJ, 1994, pp. 3 – 9.<br />
6 I<strong>de</strong>m, p. 17.