Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Conforme a popularização <strong>do</strong> futebol foi crescen<strong>do</strong>, também foi aumentan<strong>do</strong> a sua<br />
importância política, fenômeno que ocorreu no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. A sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
mobilização passou a ser muitas vezes usada para controlar, por exemplo, o humor <strong>do</strong><br />
eleitora<strong>do</strong>. Dessa forma, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s campos <strong>de</strong> futebol também existe esse jogo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />
i<strong>de</strong>ológico e político.<br />
Guterman também afirma que “Ter o ‘melhor futebol <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>’ virou uma obsessão<br />
brasileira, perseguida como um projeto <strong>de</strong> afirmação nacional” 8·. O que nos mostra que o<br />
futebol também passou a ser campo <strong>de</strong> disputas por hegemonia entre países diferentes, por<br />
isso a <strong>de</strong>rrota na Copa <strong>de</strong> 1950 <strong>do</strong>eu tanto no imaginário popular.<br />
Como foi afirma<strong>do</strong> anteriormente, Lima Sobrinho <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que uma pessoa<br />
nacionalista é sempre anti alguma coisa, ten<strong>do</strong> como manifestações a oposição <strong>de</strong> “nós”<br />
contra outra nacionalida<strong>de</strong>. Isso ocorre com o futebol e quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ramos que a seleção<br />
<strong>de</strong> futebol como representante <strong>de</strong> uma nação específica, que está em “guerra” contra outra<br />
nação, estamos relacionan<strong>do</strong> o futebol ao nacionalismo. Po<strong>de</strong>mos perceber essa associação<br />
Monteiro Lobato em 1921 no jornal “O 22 da ‘Marajó”:<br />
(...) Não é mais esporte, é guerra. Não se batem duas equipes, mas<br />
<strong>do</strong>is povos, duas nações, duas raças inimigas. Durante to<strong>do</strong> o tempo<br />
da luta, da quarentena a cinqüenta mil pessoas <strong>de</strong>liram em transe,<br />
extáticas, na ponta <strong>do</strong>s pés, coração aos pulos e nervos tensos como<br />
cordas <strong>de</strong> viola (...) 9 .<br />
Assim o futebol anda sempre junto <strong>do</strong> nacionalismo, mas não o contrário, é claro.<br />
Quan<strong>do</strong> isso ocorre, os sentimentos patrióticos são exalta<strong>do</strong>s. Essa eletricida<strong>de</strong> relatada por<br />
Lobato traduz o momento em que o futebol começa a ser aceito e interioriza<strong>do</strong> pela<br />
população brasileira, o início <strong>do</strong> século XX.<br />
Foi na década <strong>de</strong> 1930 que o futebol começou a ocupar as preocupações <strong>do</strong>s<br />
governantes brasileiros, no caso, <strong>de</strong> Getúlio Vargas. Seu governo não mediu esforços para<br />
transformar o esporte em um instrumento para a consolidação das idéias <strong>de</strong> um Brasil<br />
<strong>de</strong>mocrático, que era uni<strong>do</strong> por todas as “raças”, que <strong>de</strong>veria cumprir o papel <strong>de</strong> diminuir as<br />
tensões e os conflitos sociais e étnicos em nosso país.<br />
8 GUTERMAN, Marcos. O futebol explica o Brasil. Uma história da maior expressão popular <strong>do</strong> país. São Paulo,<br />
SP: Ed. Contexto. P. 10.<br />
9 GUTERMAN, Marcos. O futebol explica o Brasil. Uma história da maior expressão popular <strong>do</strong> país. São Paulo,<br />
SP: Ed. Contexto. P. 60.