Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
243<br />
O establishment conserva<strong>do</strong>r governamental conduziu os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, entre os<br />
meses <strong>de</strong> janeiro e setembro <strong>de</strong> 2001, portanto antes <strong>do</strong>s Atenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong><br />
setembro, para uma política externa conserva<strong>do</strong>ra, bastante focalizada nos interesses<br />
estaduni<strong>de</strong>nses em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Então, tal política externa unilateral, <strong>de</strong>fensora árdua <strong>do</strong>s interesses<br />
estaduni<strong>de</strong>nses, foi chamada pelo Departamento <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> “multilateralismo à la<br />
carte”. Washington se reservou o direito <strong>de</strong> analisar e agir pontualmente cada questão<br />
internacional, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os seus interesses, mesmo que fosse necessário<br />
infringirem trata<strong>do</strong>s ou o próprio direito internacional.<br />
Em situações internacionais bastante <strong>de</strong>licadas, como o caso <strong>do</strong> Iraque, no Oriente<br />
Médio, Washington se recusava a agir em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s momentos e em outros,<br />
seguia um caminho próprio, sem levar em consi<strong>de</strong>ração os tradicionais alia<strong>do</strong>s, como<br />
os europeus e também organizações internacionais, como as Nações Unidas. Tratavase<br />
<strong>de</strong> um unilateralismo perigoso para a estabilida<strong>de</strong> internacional.<br />
Tais ações unilaterais estaduni<strong>de</strong>nses se intensificaram no cenário internacional<br />
após os atenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> onze <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001, em New York e Washington. No<br />
mesmo mês, o presi<strong>de</strong>nte George Walker Bush, perante os congressistas <strong>do</strong> Capitólio,<br />
reafirmou que os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s lutariam com afinco e gran<strong>de</strong> força, contra o<br />
terrorismo internacional, sem a interferência e mediação <strong>de</strong> organismos<br />
internacionais, como a Organização das Nações Unidas, através <strong>do</strong> estabelecimento <strong>de</strong><br />
uma política <strong>de</strong> combate estaduni<strong>de</strong>nse para eliminar tal problema.<br />
A Doutrina Bush, cada vez mais institucionalizada e presente nas entranhas <strong>do</strong><br />
aparato estatal <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, foi colocada em prática no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparar as<br />
Forças Armadas Estaduni<strong>de</strong>nses para a invasão ao território iraquiano.<br />
Vale lembrar que a nova <strong>do</strong>utrina se tornou mais explícita a partir <strong>de</strong> 2002, quan<strong>do</strong><br />
Con<strong>do</strong>leeza Rice afirmou que, diferentemente da Guerra Fria, não bastava possuir<br />
gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa para convencer o inimigo <strong>de</strong> não<br />
atacar, pois as forças inimigas se apresentariam dispersas e múltiplas, isto é, sem alvos<br />
a proteger. Então o território <strong>de</strong>veria ser re<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para efeito <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong><br />
guerra. As idéias <strong>de</strong> Con<strong>do</strong>leeza Rice foram amplamente aceitas por Bush, em seu<br />
discurso realiza<strong>do</strong> no dia 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2002, ao afirmar na época que os Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s <strong>de</strong>tinham o direito <strong>de</strong> realizar ataques preventivos contra países que