14.10.2014 Views

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

232<br />

mo<strong>de</strong>lo da carida<strong>de</strong>. (...) atribuiu-se a tarefa <strong>de</strong> organizar a assistência <strong>de</strong>ntro das novas<br />

exigências sociais, políticas económicas e morais, (...).” 43 As teorias eugênicas começam<br />

a ganhar força na elite intelectual paulista, “É importante lembrar que, durante a<br />

segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX, são difundidas no Brasil as teorias científicas da<br />

superiorida<strong>de</strong> da raça branca, que encontram a<strong>de</strong>ptos entre médicos e intelectuais.” 44 Os<br />

médicos higienistas criticavam os problemas crônicos nos hospitais. Marcílio explica a<br />

atuação <strong>do</strong>s médicos em relação a infância exposta:<br />

Os médicos higienistas procuraram atacar a questão da infância<br />

aban<strong>do</strong>nada em várias frentes: combate à mortalida<strong>de</strong> infantil;<br />

cuida<strong>do</strong>s com o corpo (...); estu<strong>do</strong>s; importação <strong>de</strong><br />

conhecimentos e campanhas <strong>de</strong> combate às <strong>do</strong>enças infantis;<br />

educação das mães; introdução da Pediatria e da Puericultura,<br />

como novas áreas <strong>de</strong> conhecimento; campanhas <strong>de</strong> higiene e <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> pública; etc. 45<br />

Além <strong>do</strong>s médicos, os juristas também se engajaram na cruzada em favor <strong>do</strong><br />

reformismo da assistência social. Até o séc. XVIII eles limitavam-se nas questões <strong>de</strong><br />

heranças. Contu<strong>do</strong>, no século seguinte, suas funções e prerrogativas foram ampliadas<br />

para legislar sobre as crianças expostas, entretanto, as leis elaboradas para a infância<br />

colocaram esses impúberes em categorias sociais equivocadas, qualifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s, ganhava força nos textos jurídicos o termo menor, substituin<strong>do</strong> exposto.<br />

"Menor tornou-se o discriminativo da infância <strong>de</strong>sfavorecida, <strong>de</strong>linquente, carente,<br />

aban<strong>do</strong>nada.” 46 A justiça <strong>de</strong>scaracterizava as crianças, eram colocadas na categoria<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>linqüentes. “O termo menor aponta para a <strong>de</strong>spersonalização (...). A infância<br />

aban<strong>do</strong>nada, que vivia entre a vadiagem e a gatunice, tornou-se, para os juristas,<br />

caso <strong>de</strong> polícia.” 47 Segun<strong>do</strong> Marcílio:<br />

Por sua vez, no final <strong>do</strong> século XIX, os juristas <strong>de</strong>ixaram seu campo<br />

<strong>de</strong> atuação tradicional e entraram <strong>de</strong>cididamente no setor da<br />

infância <strong>de</strong>svalida e <strong>de</strong>linquente. (...). As teorias da Escola <strong>de</strong><br />

Milão, especialmente as <strong>de</strong> César Lombroso (...), fizeram sucesso<br />

43 MARCILIO, Op. cit. p.78<br />

44 VENANCIO, Op. cit. p.49<br />

45 MARCILIO, Op. cit. p.194<br />

46 I<strong>de</strong>m, p.195<br />

47 MARCILIO, Op. cit. p.195

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!