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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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Quanto a sua educação, baseava-se no ensino primário. “(...) limitava-se ao ensino <strong>de</strong><br />

rudimentos <strong>de</strong> leitura, escrita e aritmética, além da aprendizagem das chamadas<br />

prendas <strong>do</strong>mésticas (...).” 35 O magistério era uma alternativa <strong>de</strong> profissionalização.<br />

“Apesar <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>ficiências, (...) representou um primeiro ensaio <strong>de</strong> profissionalização<br />

feminina (...).” 36 Segun<strong>do</strong> Carmem S. Vidigal Moraes:<br />

Em 1845, não haven<strong>do</strong> na Província escola que preparasse<br />

professores, quer <strong>do</strong> sexo masculino, quer <strong>do</strong> feminino, ficara<br />

estabeleci<strong>do</strong> que as alunas <strong>do</strong> Seminário po<strong>de</strong>riam ser nomeadas<br />

professoras, (...). Nessa época, (...), as áreas <strong>do</strong> ensino estavam<br />

limitadas à língua portuguesa – (...) – e à aritmética (...) o ensino<br />

<strong>de</strong> prendas <strong>do</strong>mésticas e das seguintes matérias: leitura, escrita,<br />

gramática portuguesa e princípios da moral cristã e da <strong>do</strong>utrina<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> 37<br />

Além <strong>do</strong> magistério, outro <strong>de</strong>stino das internas era o casamento, recurso<br />

utiliza<strong>do</strong> no Seminário para “dar esta<strong>do</strong>” as meninas. “O casamento era o melhor e o<br />

mais <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> <strong>de</strong>stino que se po<strong>de</strong>ria dar às meninas (...), manteve-se, (...), o sistema<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>tes, ofereci<strong>do</strong>s aos moços que se casavam com as expostas reclusas” 38 Sobre os<br />

meninos expostos, a socieda<strong>de</strong> não dispensava as mesmas preocupações como<br />

acontecia com as meninas. Havia a crença <strong>de</strong> que eles seriam mais capazes <strong>de</strong><br />

sobreviverem, não haven<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> auxílio da carida<strong>de</strong>. A utilização <strong>do</strong><br />

trabalho <strong>do</strong>s expostos justificava-se por retirá-los da ociosida<strong>de</strong>. “A i<strong>de</strong>ologia<br />

filantrópico-burguesa, (...), visava (...), incutin<strong>do</strong>-lhe não apenas o amor e o hábito <strong>do</strong><br />

trabalho, mas também comportamentos <strong>de</strong> submissão e <strong>de</strong> disciplina.” 39 No perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> aprendizagem, os internos eram manda<strong>do</strong>s para casas <strong>de</strong> mestres e artesãos como<br />

aprendizes. Na explicação <strong>de</strong> Maria Luiza Marcílio:<br />

Antes <strong>de</strong> ser cria<strong>do</strong> o ensino profissionalizante nas instituições<br />

<strong>de</strong> abrigo ao menor aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, (...), envia<strong>do</strong> a apren<strong>de</strong>r um<br />

ofício ou profissão em casas <strong>de</strong> mestres artesãos ou <strong>de</strong><br />

negociantes. Em troca <strong>de</strong> casa, comida, vestuário e <strong>do</strong><br />

treinamento no ofício <strong>do</strong> seu benfeitor, o pequeno exposto,<br />

35 MORAES, Carmem Sylvia Vidigal. A normatização da pobreza: crianças aban<strong>do</strong>nadas e crianças<br />

infratoras. Revista Brasileira <strong>de</strong> Educação. São Paulo, n. 15, set/out/nov/<strong>de</strong>z p. 70 – 96, 2000, p.76<br />

36 MESGRAVIS, op. cit. p.185<br />

37 MORAES, op. cit. p.79<br />

38 MARCILIO, Op. cit. p.296<br />

39 I<strong>de</strong>m, p.294-295

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