Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Essas famílias cria<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>pendiam totalmente <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s seus<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para sobreviverem. “(...), contavam com o trabalho <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, crianças,<br />
adultos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, agrega<strong>do</strong>s.” 30 Viven<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse pequeno comércio, os expostos<br />
eram aluga<strong>do</strong>s, inclusive com gran<strong>de</strong> circulação, pelas mães cria<strong>de</strong>iras para diversos<br />
serviços. “Além das crianças aban<strong>do</strong>nadas, havia o costume <strong>de</strong> redistribuíção, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
dar para terceiros criarem.” 31 Durante o séc. XIX, a utilização <strong>do</strong> trabalho infantil foi<br />
institucionalizan<strong>do</strong>-se, os contratos <strong>de</strong> locação foram sen<strong>do</strong> utilizadas para dar uma<br />
ocupação às crianças expostas. Segun<strong>do</strong> Gislaine C. Azeve<strong>do</strong>:<br />
Gloria:<br />
(...), com o caminhar <strong>do</strong> século XIX e em virtu<strong>de</strong> da questão<br />
escrava, a tutela e também o contrato <strong>de</strong> soldada vão sofren<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>, articulan<strong>do</strong>-se à regulamentação<br />
<strong>de</strong> “novas” relações <strong>de</strong> trabalho. Em função disso, a soldada<br />
acabou sen<strong>do</strong> intensificada. (...). Segun<strong>do</strong> a legislação, existiam<br />
<strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> locação <strong>de</strong> serviços: a judicial e a não judicial. A não<br />
judicial era a que regulamentava to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong><br />
locação. A judicial era quan<strong>do</strong> o Juiz <strong>de</strong> Órfãos <strong>de</strong>terminava “que<br />
menores indigentes sejão aluga<strong>do</strong>s para serviços <strong>do</strong>mésticos. 32<br />
Comentan<strong>do</strong> sobre os internatos femininos, Mesgravis <strong>de</strong>screve o Seminário da<br />
O Seminário da Glória foi cria<strong>do</strong> por proposta <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte da<br />
província, (...), em 1824, para servir <strong>de</strong> internato às meninas órfãs,<br />
(...), com <strong>do</strong>tação anual <strong>de</strong> 600$000. Foi instala<strong>do</strong> na Chácara da<br />
Glória, (...). Em 1847 foi criada, anexa ao Seminário, uma Escola<br />
Normal, só instalada em 1852 e suprimida em 1956. O nível da<br />
educação só melhorou em 1870, quan<strong>do</strong> a direção (...) foi<br />
confiada à congregação das irmãs <strong>de</strong> S. José. 33<br />
O sistema <strong>de</strong> assistência a infância feminina foi bem mais organiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que a<br />
masculina. As instituições eclesiásticas tiveram uma preocupação especial com as<br />
meninas. “Não só visa, (...), a proteção das meninas durante a infância, mas, (...),<br />
provi<strong>de</strong>ncia seu casamento e (...) um <strong>do</strong>te <strong>de</strong> duzentos a quatrocentos mil-réis.” 34<br />
30 DIAS, Op. cit. p.141<br />
31 I<strong>de</strong>m, p.141<br />
32 AZEVEDO, Gislane Campos. De Sebastianas e Geovannis: o universo <strong>do</strong> menor nos processos <strong>do</strong>s<br />
juízes <strong>de</strong> órfãos da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (1871 - 1917), Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>, Pontifícia <strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />
Católica – SP, 1995, p.48-49<br />
33 MESGRAVIS, Op. cit. p.184<br />
34 KIDDER, Daniel P. Reminiscências <strong>de</strong> viagens e permanências nas províncias <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Brasil.<br />
Tradução <strong>de</strong> Moacir N. Vasconcelos, Brasília: Sena<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral, Conselho Editorial, 2001, p.77-78