Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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A situação da Espanha é gravíssima porque, na hipótese da<br />
<strong>de</strong>rrota, não seria a perda <strong>de</strong> Cuba o seu maior prejuízo. Ela<br />
ficaria arruinada, reduzida, sob a in<strong>de</strong>nização brutal <strong>de</strong> guerra,<br />
a falir e entregar-se ao vence<strong>do</strong>r. Luta, pois, não pela ilha <strong>de</strong><br />
Cuba, mas pela própria vida 20 .<br />
A guerra contra a Espanha foi <strong>de</strong>clarada em abril, e os oficiais norteamericanos<br />
receberam or<strong>de</strong>ns para se preparar para uma invasão não apenas a Cuba,<br />
mas as <strong>de</strong>mais ilhas espanholas no Caribe e no Pacífico. O que outrora fora percebi<strong>do</strong><br />
como uma guerra cubana <strong>de</strong> libertação nacional se transformou na Guerra Hispano-<br />
Americana e na <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> quatro séculos <strong>de</strong> império espanhol. A rápida guerra<br />
encerrou-se em agosto <strong>de</strong> 1898, levan<strong>do</strong> alguns norte-americanos a chamá-la <strong>de</strong><br />
“esplêndida guerrinha” 21 . O armistício que foi assina<strong>do</strong> em Washington exigia que a<br />
Espanha abrisse mão <strong>de</strong> sua soberania sobre Cuba, ce<strong>de</strong>sse Porto Rico e Guam aos<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e permitissem aos americanos a ocupação <strong>de</strong> Manila até a negociação<br />
<strong>de</strong> um trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> paz, que <strong>de</strong>terminaria o controle das Filipinas.<br />
Com a <strong>de</strong>struição da esquadra espanhola, que fazia o bloqueio <strong>de</strong> Cuba, o<br />
periódico se manifesta <strong>de</strong> maneira crítica à fraca <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s espanhóis, que entraram<br />
em uma guerra que não tinham a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vencer e, principalmente, a postura<br />
<strong>de</strong> Mateo Sagasta – lí<strong>de</strong>r espanhol – que afirmava que o exército espanhol possuía<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar militarmente os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Já que a Espanha fora<br />
incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus territórios cabia a ela fazer o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> paz e aceitar todas as<br />
condições impostas pelos norte-americanos. O jornal consi<strong>de</strong>rava que os espanhóis<br />
<strong>de</strong>veriam <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong> suas colônias e se livrar <strong>do</strong> ônus e <strong>do</strong> risco <strong>de</strong> novas rebeliões que<br />
po<strong>de</strong>riam aprofundar ainda mais a crise espanhola. Fica claro para o diário que se a<br />
Espanha não tivesse entra<strong>do</strong> no conflito teria lucra<strong>do</strong> enormemente. Em primeiro<br />
lugar conservaria seus <strong>do</strong>mínios coloniais, exceto Cuba, e a manutenção <strong>do</strong> comércio<br />
que mantinha com eles. Em segun<strong>do</strong> lugar, não teria que arcar com os encargos da<br />
dívida que a conferência <strong>de</strong> Paris lhe <strong>de</strong>u na partilha <strong>do</strong>s territórios. E por fim, se a<br />
Espanha tivesse cedi<strong>do</strong>, como <strong>de</strong>via fazer uma nação sem condições <strong>de</strong> resistência<br />
eficaz, não teria aumenta<strong>do</strong> a sua dívida interna <strong>de</strong> maneira brutal 22 .<br />
20 Os Nossos Telegramas. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> S. Paulo. 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1898, p. 01.<br />
21 KARNAL, Leandro. [et al]. História <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto,<br />
2008, p. 167.<br />
22 Os Nossos Telegramas. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> S. Paulo. 16 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1898, p. 01.