Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
215<br />
pessimista em relação a tal acontecimento e a “possibilida<strong>de</strong> iminente <strong>de</strong> um<br />
confronto militar entre Espanha e Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.” 15<br />
Poucos dias após o inci<strong>de</strong>nte da carta <strong>de</strong> Dupuy <strong>de</strong> Lome, acontece, o que<br />
passou a ser consi<strong>de</strong>rada como a principal causa da Guerra Hispano-Americana, a<br />
explosão <strong>do</strong> couraça<strong>do</strong> Maine que o afun<strong>do</strong>u instantaneamente, matan<strong>do</strong>,<br />
aproximadamente, 258 marinheiros americanos 16 . Além <strong>de</strong> ser uma tragédia humana,<br />
a <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> navio provou ser um <strong>de</strong>sastre diplomático da maior magnitu<strong>de</strong>. O<br />
governo espanhol passou a ser categoricamente responsabiliza<strong>do</strong> pela explosão. A<br />
imprensa norte-americana manifestava-se violentamente contra os espanhóis,<br />
incitan<strong>do</strong> a opinião pública a atacar os “agressores” e a pressionar o governo <strong>do</strong>s<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s por medidas concretas frente ao acontecimento 17 . O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> S.<br />
Paulo não se colocou favorável aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e a inflamada opinião pública <strong>de</strong>sse<br />
país. O diário se mostra cauteloso e reticente em acreditar que a Espanha tenha<br />
ataca<strong>do</strong> o navio norte-americano, pois tal atitu<strong>de</strong> se colocava em oposição às<br />
conveniências da Espanha <strong>de</strong> não aumentar as dificulda<strong>de</strong>s pelas quais passava, além<br />
<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que as acusações norte-americanas não possuíam base comprobatória.<br />
Além <strong>de</strong>ssas dúvidas o jornal consi<strong>de</strong>ra que a questão principal que en<strong>vol</strong>via a Espanha<br />
e os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, a ilha <strong>de</strong> Cuba, foi esquecida e passou a um plano secundário,<br />
como mostra notícia <strong>de</strong> 06 <strong>de</strong> março:<br />
Os Nossos Telegramas, 06 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1898<br />
O <strong>de</strong>sastre <strong>do</strong> Maine não po<strong>de</strong> logicamente ser atribuí<strong>do</strong> ao<br />
governo hespanhol. O absur<strong>do</strong> <strong>de</strong> tal hipótese <strong>de</strong>riva das<br />
próprias conveniências da Hespanha, que não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar<br />
aumentar as dificulda<strong>de</strong>s atuais e que, nos casos espantosos <strong>de</strong><br />
querer a guerra, era natural que a <strong>de</strong>clarasse [...]<br />
De ambas as partes a questão inicial foi esquecida. Cuba, que<br />
foi o ponto <strong>de</strong> partida, passa a um plano secundário; o<br />
problema da sua in<strong>de</strong>pendência não é estabeleci<strong>do</strong> pelos<br />
norte-americanos, nem a obra da pacificação, começada com o<br />
<strong>de</strong>creto <strong>de</strong> autonomia, é objeto das atenções <strong>do</strong>s espanhóis.<br />
O conflito hispano-americano está apenas <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>, ainda<br />
não é uma realida<strong>de</strong>. Mas nas condições atuais é licito duvidar<br />
<strong>de</strong> que, da<strong>do</strong> o conflito, Cuba se torne in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. A vitória<br />
15 Os Nossos Telegramas. O Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> S. Paulo. 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1898, p. 01.<br />
16 GOTT, Richard. Cuba: uma nova história. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar Editor. 2006, p. 118.<br />
17 SCHOULTZ, Op. Cit., p. 155.