Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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As notícias sobre a Guerra Hispano-Americana surgiram nas páginas <strong>de</strong> O<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> S. Paulo, em um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ais pan-americanistas e <strong>de</strong> um<br />
furor republicano, em que os setores governamentais buscavam apagar o seu passa<strong>do</strong><br />
monarquista e colocar o Brasil como pertencente ao continente americano 11 . Nessa<br />
conjuntura a Guerra Hispano-Americana ganhou espaço privilegia<strong>do</strong> no periódico<br />
brasileiro.<br />
Entre 1895 e 1897, o jornal apresentou peculiarida<strong>de</strong>s em sua postura e na<br />
sua <strong>de</strong>finição em relação a cada país participante <strong>do</strong> conflito. Foi possível notar uma<br />
<strong>de</strong>clarada <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s objetivos cubanos, basea<strong>do</strong>s nos i<strong>de</strong>ais próprios <strong>do</strong> jornal e em<br />
uma forte <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s i<strong>de</strong>ais americanistas ou pan-americanistas. A propagação <strong>de</strong>sses<br />
i<strong>de</strong>ais foi efetuada, sobretu<strong>do</strong> pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s o que promoveu uma<br />
aproximação favorável entre o jornal e às manifestações norte-americanas sobre a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> conflito, soman<strong>do</strong>-se a isso a admiração da classe diretora <strong>do</strong><br />
periódico em relação ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> governo <strong>do</strong>s norte-americanos. Em relação à<br />
Espanha, o periódico apresentou poucas questões diretas, mas é evi<strong>de</strong>nte que ao se<br />
posicionar a favor <strong>do</strong> movimento re<strong>vol</strong>ucionário cubano o periódico estava<br />
automaticamente contra os interesses espanhóis. No entanto, essa postura geral<br />
sofreu alterações, principalmente, em relação à <strong>de</strong>fesa da ação <strong>do</strong>s yankees e da<br />
futura intervenção armada na ilha <strong>de</strong> Cuba.<br />
Pressiona<strong>do</strong> por uma opinião pública exaltada e alimentada pela imprensa<br />
sensacionalista e pelos interesses comerciais existentes na ilha <strong>de</strong> Cuba o governo<br />
norte-americano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1895, prestou uma atenção <strong>de</strong>talhada aos acontecimentos no<br />
país. O presi<strong>de</strong>nte Glover Cleveland recomendara neutralida<strong>de</strong> e insistiu com a<br />
Espanha para que conce<strong>de</strong>sse autonomia à ilha <strong>de</strong> Cuba, mas não sucumbiu aos<br />
pedi<strong>do</strong>s populares por uma guerra. Durante o governo <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte McKinley,<br />
empossa<strong>do</strong> em 1897, o quadro se modificou e o novo presi<strong>de</strong>nte consi<strong>de</strong>rou que os<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>de</strong>veriam usar ativamente sua influência e bons ofícios para restaurar a<br />
paz em Cuba. No fim <strong>de</strong> 1897 e início <strong>de</strong> 1898, houve intensas manobras diplomáticas,<br />
boa parte das quais se centravam em pressionar a Espanha a ven<strong>de</strong>r Cuba aos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, ou <strong>de</strong> libertar <strong>de</strong>finitivamente a ilha. Assim, com esse ambiente incerto, os<br />
11 BUENO, Clo<strong>do</strong>al<strong>do</strong>. A República e sua política exterior (1889 a 1902). São Paulo: Editora UNESP. 1995,<br />
p. 25.