14.10.2014 Views

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

209<br />

e pela manutenção <strong>do</strong> sistema escravista, que impedia a confiança mútua entre<br />

fazen<strong>de</strong>iros e os setores negros da socieda<strong>de</strong> cubana.<br />

Em 1895 a luta pela in<strong>de</strong>pendência foi reiniciada. Com uma organização civil<br />

melhor estruturada, sob a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> José Martí, a escravidão abolida e uma maior<br />

unida<strong>de</strong> das raças, a luta contra a metrópole espanhola tornou-se mais efetiva. Cuba,<br />

mesmo manten<strong>do</strong> seu status colonial, flutuava na área <strong>de</strong> influência econômica <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o que também representava um ponto <strong>de</strong> preocupação, pois a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ingerência norte-americana no conflito era palpável e, por fim, se<br />

tornou inevitável. Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>corri<strong>do</strong>s três anos <strong>de</strong> guerra, em 1898, os Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, em nome <strong>de</strong> questões humanitárias, <strong>de</strong>clararam guerra à Espanha após um<br />

inci<strong>de</strong>nte no porto <strong>de</strong> Havana, quan<strong>do</strong> um navio americano, o Maine, afun<strong>do</strong>u, por<br />

motivos que ainda se mantém obscuros. Inaugurou-se, assim a Guerra Hispano-<br />

Americana.<br />

Apesar da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma hercúlea ação humanitária, as reais intenções <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s eram: alimentar a expansão comercial <strong>de</strong> sua crescente produção<br />

industrial, garantir a privilegiada posição geográfica da ilha, além <strong>de</strong> satisfazer as<br />

pressões internas da opinião pública, <strong>do</strong>s políticos radicais e <strong>de</strong> uma imprensa<br />

sensacionalista, que via na guerra o crescimento vertiginoso <strong>de</strong> seus lucros.<br />

A guerra com a Espanha, como se esperava, foi resolvida rapidamente com a<br />

<strong>de</strong>rrota arrasa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s exércitos espanhóis. Com o fim <strong>do</strong> conflito e em consequência<br />

das <strong>de</strong>liberações <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paris, os norte-americanos receberam Porto Rico e as<br />

Filipinas e transformaram Cuba em seu “<strong>do</strong>mínio” 2 , pois passaram, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />

i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Adam Watson, a <strong>de</strong>terminar o governo interno <strong>do</strong> território cubano, sem<br />

anexar <strong>de</strong> fato à ilha, principalmente após a implementação da Emenda Platt na<br />

Constituição cubana. Assim, a Guerra Hispano-Americana projetou internacionalmente<br />

os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s na “corrida” das gran<strong>de</strong>s potências e implantou em Cuba uma<br />

“pseu<strong>do</strong>-in<strong>de</strong>pendência”, superada apenas na Re<strong>vol</strong>ução socialista <strong>de</strong> 1959.<br />

A Guerra Hispano-Americana foi, certamente, um <strong>do</strong>s mais importantes<br />

pontos <strong>de</strong> inflexão nas relações e nas influências que agiam no continente americano<br />

em fins <strong>do</strong> século XIX. O conflito serviu <strong>de</strong> agente catalisa<strong>do</strong>r para importantes<br />

2 WATSON, Adam. A e<strong>vol</strong>ução da socieda<strong>de</strong> internacional: uma análise comparativa. Tradução: René<br />

Loncan. Brasília: Editora da UNB, 2004, p. 30.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!