14.10.2014 Views

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

205<br />

Schmitt. Segun<strong>do</strong> ele, o Integralismo “organizará o país diferente <strong>de</strong> como a Itália<br />

organizou, centralizan<strong>do</strong>, ao passo que nós objetivamos <strong>de</strong>scentralizá-lo”. 41<br />

A crítica buarquiana <strong>do</strong> Integralismo ridiculariza os integralistas em alguns<br />

epítetos como “caudilhos esclareci<strong>do</strong>s” ou “intelectuais neurastênicos”. O que<br />

incomoda a Sérgio Buarque é o caráter conserva<strong>do</strong>r travesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> re<strong>vol</strong>ucionário, já<br />

que nem tanto a violência, que coloriu o mo<strong>de</strong>lo alemão e italiano, não subsiste no<br />

mussolinismo indígena: “Quem não sente, porém. que sua reforma é, em essência,<br />

apenas uma sutil contra-reforma?”.<br />

Na Alemanha, em 1929, presenciou e reportou as primeiras manifestações<br />

violentas <strong>do</strong>s nazistas, experiência que lhe mostrou in loco o que vinha a ser o<br />

fascismo, regime <strong>de</strong> força. Raízes <strong>do</strong> Brasil tem a insígnia <strong>do</strong> tempo presente e carrega<br />

uma antevisão <strong>do</strong> futuro. Sérgio Buarque se posiciona, a <strong>de</strong>speito <strong>do</strong> <strong>de</strong>sentendimento<br />

da recepção imediata, como um <strong>de</strong>mocrata, crítico <strong>do</strong> liberalismo <strong>de</strong> fachada das<br />

oligarquias, tanto quanto <strong>do</strong> comunismo e <strong>do</strong> fascismo. 42<br />

Em plena ditadura militar, no ano <strong>de</strong> 1967, Sérgio Buarque, em conferência na<br />

Escola Superior <strong>de</strong> Guerra (ESG), <strong>vol</strong>taria a se ocupar <strong>de</strong> Raízes <strong>do</strong> Brasil. Como que em<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> qualquer possível “mau-uso” <strong>de</strong> sua obra, falan<strong>do</strong> aos militares, reafirma a<br />

questão que estava latente em Raízes <strong>do</strong> Brasil: “estará ao alcance das atuais gerações<br />

o erradicarem em breve prazo males que ao longo <strong>do</strong>s séculos, e não sói <strong>de</strong> quatro ou<br />

três <strong>de</strong>cênios, já pu<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>itar raízes fundas em nosso solo?” 43<br />

V<br />

Procurei, durante este trabalho, reconstruir – para falar com a hermenêutica –<br />

o contexto <strong>de</strong> orientação (intelectual e político) e o horizonte <strong>de</strong> expectativas (a utopia<br />

mo<strong>de</strong>rnista da brasilida<strong>de</strong>) em que se insere o ensaio <strong>de</strong> Sérgio Buarque, como uma<br />

41 COTRIM NETO, A. B. Raízes <strong>do</strong> Brasil. A Offensiva. Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, 3, Fev., 1937.<br />

42 CANDIDO, A. A visão política <strong>de</strong> Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda. In: EUGÊNIO, J. K.; MONTEIRO, P. M. op.<br />

cit., p. 29-36.<br />

43 HOLANDA, S. B. HOLANDA, S.B. Elementos básicos da nacionalida<strong>de</strong>: o homem. In: MONTEIRO, P.M.;<br />

EUGÊNIO, J. K. op. cit., p. 634.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!