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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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199<br />

Janeiro. Estética, diferente <strong>de</strong> Klaxon, não se propunha uma revista iconoclasta, mas,<br />

sim, <strong>de</strong> autocrítica. Com isso, Sérgio Buarque parece afirmar um primeiro esboço para<br />

as análises sobre a função <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> enquanto referência para compreensão da<br />

cultura brasileira. 13 Tem-se a hipótese <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, Sérgio Buarque preocupase<br />

com a consciência histórica, entendida como <strong>de</strong>finida como “o trabalho intelectual<br />

<strong>do</strong> homem para tornar suas intenções <strong>de</strong> agir conformes com a experiência <strong>do</strong><br />

tempo”. 14<br />

Lucia Lippi Oliveira afirma que há <strong>do</strong>is momentos distintos <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rnismo: o<br />

primeiro caracteriza-se pelo “combate ao passa<strong>do</strong> e elaboração <strong>de</strong> nova estética<br />

a<strong>de</strong>quada à vida mo<strong>de</strong>rna [...] entendida como a vida urbana e industrial que tinha São<br />

Paulo como seu ponto máximo”. 15 A segunda fase <strong>do</strong> movimento mo<strong>de</strong>rnista, a partir<br />

<strong>do</strong> “Manifesto Pau-Brasil” (1924), <strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, teria na brasilida<strong>de</strong> seu eixo<br />

principal: “o mo<strong>de</strong>rnismo cria e difun<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar a substância <strong>do</strong><br />

SER brasileiro, <strong>de</strong>nuncia os conhecimentos/saberes atrasa<strong>do</strong>s que impe<strong>de</strong>m a captação<br />

<strong>do</strong> ser brasileiro e colabora na elaboração <strong>de</strong> inúmeros retratos <strong>do</strong> Brasil”. 16<br />

Antonio Candi<strong>do</strong> qualifica como “<strong>de</strong>svio” a linha <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>rnistas “radicais <strong>de</strong><br />

ocasião” 17 que passaram <strong>do</strong> nacionalismo estético ao nacionalismo político nos anos<br />

1930, quan<strong>do</strong> irrompe a crise das oligarquias <strong>do</strong>minantes com a Re<strong>vol</strong>ução <strong>de</strong><br />

Outubro. Antonio Arnoni Pra<strong>do</strong>, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>-a como “uma falsa vanguarda”, anota que a<br />

contradição entre realida<strong>de</strong> e esforço retórico é o que dá direção ao seu itinerário. 18<br />

Trata-se <strong>do</strong> integralismo (“imitação <strong>do</strong> fascismo”) <strong>de</strong> Plínio Salga<strong>do</strong>, que logo cresceria<br />

em <strong>vol</strong>ume na organização partidária 19 . Segun<strong>do</strong> Ricar<strong>do</strong> Benzaquem <strong>de</strong> Araújo,<br />

13 Em 1925, em entrevista concedida por Sérgio e Pru<strong>de</strong>nte para o jornal Correio da Manhã, o jovem<br />

crítico da cultura afirma ser o mo<strong>de</strong>rnismo “não uma escola, mas um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito”. A tendência<br />

mo<strong>de</strong>rnista, <strong>de</strong> ruptura com a continuida<strong>de</strong> da tradição, nas palavras <strong>de</strong> Sérgio Buarque, julgou que essa<br />

tradição nunca refletira o senti<strong>do</strong> da nacionalida<strong>de</strong>, representan<strong>do</strong>, na verda<strong>de</strong>, um prolongamento <strong>de</strong><br />

tradições alheias.<br />

14 RÜSEN, J. Razão histórica: teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Trad. <strong>de</strong> Estevão <strong>de</strong><br />

Rezen<strong>de</strong> Martins. Brasília: UnB, 2001, p. 59.<br />

15 OLIVEIRA, L. L. . Questão nacional na Primeira República. In: Helena Carvalho <strong>de</strong> Lorenzo; Wilma Peres<br />

da Costa. (Org.). A década <strong>de</strong> 1920 e as origens <strong>do</strong> Brasil mo<strong>de</strong>rno. São Paulo: Editora UNESP, 1997, v. 1,<br />

p. 190.<br />

16 Id., Ibid., p. 191.<br />

17 CANDIDO, A. op. cit., p. 132.<br />

18 PRADO, A. A. 1922: itinerário <strong>de</strong> uma falsa vanguarda. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 9.<br />

19 CANDIDO, A. op. cit., p. 133.

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