Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Brasil “açucarada” e à visão positiva e sau<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> lega<strong>do</strong> ibérico por Freyre; por fim,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1980, após a morte <strong>de</strong> Sérgio Buarque – mesmo ele ten<strong>do</strong> afirma<strong>do</strong> que<br />
“já se tenha gasta<strong>do</strong> muita cera com este pobre <strong>de</strong>funto” 2 –, vem sen<strong>do</strong> reli<strong>do</strong>,<br />
reinterpreta<strong>do</strong> e incorpora<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>bate acadêmico, assim como outros vieses <strong>de</strong> sua<br />
obra, como a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crítico literário, têm cresci<strong>do</strong> em importância 3 .<br />
Robert Wegner sugere que um trabalho interessante – e, proporcionalmente,<br />
<strong>de</strong> largo fôlego – seria uma análise completa da trajetória e da recepção da obra mais<br />
conhecida <strong>de</strong> Sérgio Buarque 4 . Evi<strong>de</strong>nte, não é este o meu objetivo neste texto <strong>de</strong><br />
diminuta estatura. Por ora, interessa a compreensão <strong>do</strong> ensaio buarquiano em sua<br />
historicida<strong>de</strong>. Seguin<strong>do</strong> e <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong> para um “uso historiográfico” a estética da<br />
recepção <strong>de</strong> Hans Robert Jauss, torna-se fundamental a expressão <strong>de</strong>ste autor quan<strong>do</strong><br />
diz que a intenção <strong>de</strong> seus estu<strong>do</strong>s e proposições teóricas inova<strong>do</strong>ras (para os anos<br />
1970) era uma “apologia da compreensão histórica”, 5 segun<strong>do</strong> a tradição<br />
hermenêutica que remonta a Dilthey, a quem coube tornar a dimensão histórica <strong>do</strong><br />
conhecimento um fundamento das ciências <strong>do</strong> espírito. Cabe citar Jauss, novamente,<br />
para esclarecer o tencionamento:<br />
2 Apud MONTEIRO, P. M. A Queda <strong>do</strong> Aventureiro. Campinas: Ed.Unicamp, 1999, p. 265.<br />
3 Diversos estu<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong> <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s àquele “pobre <strong>de</strong>funto”. Tentei organizá-los – antecipan<strong>do</strong> as<br />
escusas por possíveis falhas e esquecimentos – dividin<strong>do</strong>-as em a) ensaios críticos, b) coletâneas <strong>de</strong><br />
textos <strong>do</strong> próprio Sérgio Buarque, c) teses e dissertações acadêmicas. São elas: a) a edição especial da<br />
Revista <strong>do</strong> Brasil, 1987, por seu amigo Francisco Assis Barbosa; Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda: vida e obra,<br />
por Arlinda Nogueira, 1988; Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda e o Brasil, 1988, por Antonio Candi<strong>do</strong>; os anais<br />
<strong>do</strong> 3º. Colóquio UERJ, 1992, <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a Sérgio Buarque; e, mais recentemente, uma gran<strong>de</strong> obra<br />
coletiva, Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda: perspectivas, 2008, organizada por P. M. Monteiro e J. K. Eugênio;<br />
b) Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda, 1985, coletânea sob responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Maria Odila Leite da Silva Dias;<br />
Raízes <strong>de</strong> Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda, 1988, preparada por Francisco Assis Barbosa; Capítulos <strong>de</strong><br />
Literatura Colonial, 1990, por Antonio Candi<strong>do</strong>; em 1996, o Livro <strong>do</strong>s Prefácios e O Espírito e a Letra (2<br />
<strong>vol</strong>s.), por Antonio Arnoni Pra<strong>do</strong>; mais recentemente, os Escritos Coligi<strong>do</strong>s (2 <strong>vol</strong>s.), organiza<strong>do</strong>s por<br />
Marcos Costa; c) entre outros, Marcus Vinicius Correa Carvalho <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a dissertação Raízes <strong>do</strong> Brasil,<br />
1936: tradição, cultura e vida na Unicamp em 1997 e em 2003 a tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> Outros la<strong>do</strong>s: Sérgio<br />
Buarque <strong>de</strong> Holanda: crítica literária, história e política (1920-1940); Pedro Meira Monteiro <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a<br />
tese “A Queda <strong>do</strong> Aventureiro” na Unicamp em 1999; Robert Wegner publicou A conquista <strong>do</strong> oeste: a<br />
fronteira na obra <strong>de</strong> Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda, em 2000, como resultante <strong>de</strong> sua tese <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utoramento; João Kennedy Eugênio <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u o <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> na UFF em 2010 com a tese Um ritmo<br />
espontâneo: o organicismo em Raízes <strong>do</strong> Brasil e Caminhos e Fronteiras; Thiago Nico<strong>de</strong>mo produziu a<br />
dissertação Urdidura <strong>do</strong> Vivi<strong>do</strong>: Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda e Visão <strong>do</strong> Paraíso nos anos 1950 em 2008 e<br />
em 2011 a tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> Alegoria Mo<strong>de</strong>rna: consciência histórica e figuração <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> na crítica<br />
literária <strong>de</strong> Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda.<br />
4 WEGNER, R. A conquista <strong>do</strong> oeste: a fronteira na obra <strong>de</strong> Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Belo Horizonte:<br />
Editora UFMG, 2000, p. 28.<br />
5 JAUSS, H.R. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática, 1994, p. 73.