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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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publicações, o Cruzeiro rememorou o senso comum existente no Brasil sobre as<br />

repúblicas americanas, no entanto admitiu que este começava a se modificar da<strong>do</strong> ao<br />

“imenso <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento das forças econômicas e da absorção <strong>de</strong> idéias mais<br />

adiantadas da Europa” por estes países. Buscan<strong>do</strong> uma interpretação para este esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> coisas, e “fiel a sua ín<strong>do</strong>le anti-republicana”, o periódico conserva<strong>do</strong>r conclui que a<br />

prosperida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses países advinha <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> que os governos estavam adapta<strong>do</strong>s ao<br />

grau <strong>de</strong> habilitações <strong>de</strong> suas populações, ao passo que o Brasil, apesar <strong>de</strong> contar com a<br />

forma <strong>de</strong> governo mais apropriada às suas condições sociológicas, ainda necessitava<br />

transformar a teoria em uma realida<strong>de</strong> prática. A Província <strong>de</strong> São Paulo, no entanto,<br />

refutou esse “monstruoso absur<strong>do</strong>” tanto em nome <strong>de</strong> “suas opiniões sobre o futuro<br />

<strong>do</strong> Brasil, como em nome da <strong>do</strong>utrina científica que o colega procurou jeitosamente<br />

apoiar-se”. E conclui o editorial afirman<strong>do</strong> que “a imobilida<strong>de</strong> monárquica não é<br />

felizmente, o término <strong>de</strong>finitivo da e<strong>vol</strong>ução americana e <strong>de</strong>mocrática da<br />

nacionalida<strong>de</strong> brasileira”.<br />

A discussão entre A Província <strong>de</strong> São Paulo e O Cruzeiro, corrobora o que foi<br />

dito anteriormente sobre as diferentes leituras que se fazia das teorias políticas no<br />

Brasil e <strong>de</strong>ixa claro como cada grupo <strong>de</strong> interesse as mobilizavam para reforçar seus<br />

argumentos. Esta passagem é conclusiva também ao que se refere à interpretação <strong>do</strong><br />

periódico sobre os países menciona<strong>do</strong>s, bem como a proposta <strong>do</strong> jornal quanto à<br />

inserção brasileira no continente americano. Embora os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s se<br />

configurassem no mo<strong>de</strong>lo maior <strong>de</strong> organização política para os republicanos<br />

brasileiros, vin<strong>do</strong> a se tornar gradativamente parceiro hegemônico <strong>do</strong> Brasil república,<br />

este trabalho chamou a atenção para a utilização massiva <strong>do</strong>s exemplos das republicas<br />

<strong>do</strong> sul <strong>do</strong> continente, nações que “por sua filiação biológica” enfrentavam os mesmos<br />

<strong>de</strong>safios <strong>do</strong> Brasil, mas que segun<strong>do</strong> o jornal eram mais bem sucedidas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

regime político.<br />

Como foi dito anteriormente o periódico analisa<strong>do</strong> era abertamente<br />

republicano, e no perío<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong> seu maior objetivo era angariar membros à<br />

causa republicana. A repetição <strong>do</strong>s aspectos positivos <strong>do</strong>s paises analisa<strong>do</strong>s salientava<br />

os avanços que estes faziam <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos seus regimes políticos; e o contraponto com a<br />

situação <strong>do</strong> Brasil, que segun<strong>do</strong> o periódico ficava para trás, preso ao imobilismo

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