Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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gran<strong>de</strong> República” tinha a seu favor a especificida<strong>de</strong> racial <strong>de</strong> sua população, ao passo<br />
que na América <strong>do</strong> Sul, a <strong>de</strong>scendência da “raça latina” tornava o caminho para o<br />
progresso e para a civilização mais difíceis. Desse mo<strong>do</strong>, os exemplos bem sucedi<strong>do</strong>s<br />
encontra<strong>do</strong>s nos vizinhos sul-americanos, referin<strong>do</strong>-se especificamente à Argentina e<br />
ao Chile, adquiriram posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nas páginas <strong>do</strong> jornal. Ambas as repúblicas<br />
apesar <strong>do</strong>s seus “infortúnios”, pois contavam com a mesma <strong>de</strong>scendência latina,<br />
apresentavam números superiores aos <strong>do</strong> Brasil no tocante à instrução pública,<br />
estradas <strong>de</strong> ferro, comércio, imigração, entre outros aspectos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s pelos<br />
representantes <strong>do</strong> jornal como primordiais para se atingir o “progresso moral e<br />
material”, e por este motivo foram intensamente vincula<strong>do</strong>s pelo periódico. A<br />
superiorida<strong>de</strong> das duas repúblicas nos pontos <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s acima era constantemente<br />
marcada como <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo político que a<strong>do</strong>tavam, enquanto o Brasil<br />
permanecia estagna<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às suas instituições arcaicas.<br />
A aproximação e a utilização <strong>de</strong> tais países como exemplo a ser segui<strong>do</strong> pelo<br />
Brasil, é ainda mais surpreen<strong>de</strong>nte no caso argentino <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> as rivalida<strong>de</strong> que sempre<br />
permearam as relações entre os <strong>do</strong>is países, sobretu<strong>do</strong>, durante o século XIX. Contu<strong>do</strong>,<br />
segun<strong>do</strong> o periódico, este país <strong>de</strong>stacava-se “<strong>de</strong>ntre as outras nações latinas <strong>do</strong><br />
continente, ocupan<strong>do</strong> lugar imediato ao da Gran<strong>de</strong> República <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s” 15 .<br />
O periódico criticava os homens públicos e a imprensa monarquista por preferirem se<br />
referir à Argentina como um território convulsiona<strong>do</strong>, sem analisar os reais motivos <strong>de</strong><br />
seus conflitos, e negan<strong>do</strong> o seu progresso. Neste senti<strong>do</strong>, A Província apresentou um<br />
novo olhar aos acontecimentos no Rio da Prata, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vimento<br />
alcança<strong>do</strong> por aquele país em <strong>de</strong>trimento da analise recorrente no território brasileiro<br />
sobre a anarquia reinante naquela república. Desse mo<strong>do</strong>, embora tratasse, por<br />
exemplo, das “re<strong>vol</strong>uções” ocorridas em território argentino no final <strong>do</strong> século XIX, o<br />
jornal enfatizava os progressos econômicos <strong>de</strong>correntes, segun<strong>do</strong> eles, <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />
liberal e <strong>do</strong> regime republicano; enquanto o “gigante brasileiro” permanecia<br />
a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>, em virtu<strong>de</strong> da continuida<strong>de</strong> da monarquia. Neste senti<strong>do</strong>, um aspecto<br />
marcante nas representações <strong>do</strong> periódico sobre a Argentina consistia nos paralelos<br />
feitos com a situação nacional. Os artigos sobre aquele país sempre vinham<br />
acompanha<strong>do</strong>s da crítica à política nacional, e o fato <strong>do</strong> país vizinho se assemelhar ao<br />
15 Um bom exemplo. A Província <strong>de</strong> São Paulo. 19 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1889.