Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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19<br />
criar-se um governo genuinamente popular, como se fizera na<br />
Rússia, <strong>de</strong> representantes <strong>de</strong> operários e solda<strong>do</strong>s; que entre<br />
os operários o movimento já estava completamente<br />
organiza<strong>do</strong>, dispon<strong>do</strong> ele e seus companheiros <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
tecelões e metalúrgicos dispostos a tu<strong>do</strong>, já arma<strong>do</strong>s com<br />
gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bombas e dinamites, <strong>de</strong> explosão por<br />
contato, aguardan<strong>do</strong> apenas que fosse feita a <strong>de</strong>signação <strong>do</strong><br />
dia para a greve geral <strong>de</strong>scen<strong>do</strong> os operários <strong>de</strong> Botafogo que<br />
se aproximariam <strong>do</strong> palácio <strong>do</strong> Catete e em momento da<strong>do</strong><br />
matariam a sentinela e invadiriam o palácio, aprisionan<strong>do</strong> o<br />
presi<strong>de</strong>nte e içan<strong>do</strong> uma ban<strong>de</strong>ira vermelha enquanto no<br />
mesmo momento, outros operários se reuniriam no Campo <strong>de</strong><br />
São Cristóvão on<strong>de</strong> seria fácil o ataque a Intendência da Guerra<br />
a fim <strong>de</strong> se apossarem <strong>de</strong> armas, munições e equipamentos,<br />
enquanto que os operários <strong>de</strong> Bangu em número <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil<br />
saltariam em Realengo, se apo<strong>de</strong>rariam das armas e munições<br />
existente na fábrica <strong>de</strong> cartuchos, que incendiariam partin<strong>do</strong><br />
para esta cida<strong>de</strong> [...]; que lembrava ainda o Prof. Oiticica que o<br />
ataque <strong>de</strong>via ser combina<strong>do</strong> para a hora em que estivessem<br />
funcionan<strong>do</strong> a Câmara e o Sena<strong>do</strong>, como às duas horas da<br />
tar<strong>de</strong>, para serem presos to<strong>do</strong>s os seus membros e finalizou<br />
por dizer ao <strong>de</strong>clarante (Ajus) que contava com ele para<br />
remover dificulda<strong>de</strong>s com elementos <strong>do</strong> Exército, fican<strong>do</strong> os<br />
<strong>do</strong>is, isto é, o professor e o <strong>de</strong>clarante como chefes <strong>do</strong><br />
movimento 30<br />
Aproveitan<strong>do</strong> então da posição <strong>de</strong>stacada no grupo <strong>de</strong> insurrectos, Ajus diz que<br />
seria mais conveniente se to<strong>do</strong>s se encontrassem no Campo <strong>de</strong> São Cristovão e <strong>de</strong> lá<br />
partissem para a tomada da Intendência da Guerra, assim dan<strong>do</strong> sequência ao plano.<br />
Esta sugestão foi aprovada na reunião seguinte, realizada na Rua <strong>do</strong> Carmo, em uma<br />
sala on<strong>de</strong> Oiticica ministrava cursos. Neste mesmo encontro acertaram a data em que<br />
se realizaria o levante, dia 18 <strong>de</strong> novembro, às <strong>de</strong>zesseis horas, no Campo <strong>de</strong> São<br />
Cristóvão, e marcaram uma última reunião, na residência <strong>do</strong> professor, na noite que<br />
antece<strong>de</strong>ria a ação para repassar o plano. Nesta reunião, realizada na casa <strong>de</strong> Oiticica,<br />
ficou combina<strong>do</strong> que ele se encontraria, <strong>do</strong> meio-dia até as quatorze horas, no<br />
segun<strong>do</strong> andar <strong>do</strong> prédio da Rua da Atlântica, para realizar os últimos exames <strong>do</strong><br />
movimento.<br />
Na madrugada, após a última reunião, Ajus encontrou-se com a alta cúpula <strong>do</strong><br />
Exército e <strong>de</strong>nunciou to<strong>do</strong> o plano. Assim, as forças militares pren<strong>de</strong>ram, por <strong>vol</strong>ta das<br />
30 BANDEIRA, Moniz. I<strong>de</strong>m, p.309