Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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introduziu em suas fazendas méto<strong>do</strong>s mais aperfeiçoa<strong>do</strong>s, substituiu<br />
progressivamente o trabalho escravo pelo livre, e aumentou sua produtivida<strong>de</strong> por<br />
meio da aquisição <strong>de</strong> máquinas <strong>de</strong> beneficiamento <strong>do</strong> café, tornan<strong>do</strong>-se uma classe<br />
emergente. Tais avanços, porém contrastavam com as feições das zonas produtoras<br />
mais antigas, base <strong>do</strong> governo monárquico, que atingidas pela <strong>de</strong>cadência apegavamse<br />
a formas tradicionais <strong>de</strong> produção e trabalho escravo.<br />
O grupo paulista vivia uma situação contraditória, pois a transferência <strong>do</strong> eixo<br />
econômico não implicou em sua ascensão política e no <strong>de</strong>clínio <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s setores<br />
tradicionais, os antigos “barões <strong>do</strong> café”. Embora tivesse se converti<strong>do</strong> na área mais<br />
dinâmica <strong>do</strong> país, sua representação política era pequena. Com tu<strong>do</strong> isso passou a<br />
existir maior articulação entre os proprietários <strong>de</strong>sta região em torno <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong><br />
Republicano Paulista, o PRP, que congregava os interesses específicos <strong>de</strong>ste grupo, e<br />
visava “satisfazer às mais legítimas aspirações da rica e briosa província” 10 .<br />
Des<strong>de</strong> a primeira convenção <strong>do</strong> parti<strong>do</strong>, realizada em Itu no ano <strong>de</strong> 1873,<br />
manifestou-se a idéia <strong>de</strong> montar um órgão <strong>de</strong> imprensa constituí<strong>do</strong> e financia<strong>do</strong><br />
exclusivamente por republicanos, porém somente na segunda reunião, em 1874, a<br />
idéia tomou impulso. O primeiro número <strong>do</strong> jornal, em quatro <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1875,<br />
<strong>de</strong>clarava a folha in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, “não sen<strong>do</strong> órgão <strong>de</strong> nenhum parti<strong>do</strong> nem estan<strong>do</strong><br />
em seus intuitos advogar os interesses <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>les”. Embora assim se<br />
apresentasse, a prática <strong>do</strong> jornal ligava-se <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>terminante à filiação <strong>de</strong> seus<br />
dirigentes ao PRP, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a publicação se manteve, por vezes, mais em<br />
obediência aos gran<strong>de</strong>s interesses <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> que ao impulso da vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> dirigente<br />
da folha 11 .<br />
Além <strong>do</strong> republicanismo, outras questões referentes à filiação i<strong>de</strong>ológica <strong>do</strong><br />
periódico são relevantes para o entendimento das suas formulações sobre os<br />
acontecimentos ocorri<strong>do</strong>s no contexto americano. O mo<strong>de</strong>lo político <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> pelo<br />
periódico e consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> i<strong>de</strong>al para o país norteava-se pelos princípios liberais e<br />
consubstanciava-se na prática da <strong>de</strong>mocracia 12 . Neste senti<strong>do</strong>, são nas teorias políticas<br />
expostas pelo Iluminismo e pelo liberalismo econômico <strong>do</strong> século XVIII que se <strong>de</strong>vem<br />
10 A Província <strong>de</strong> São Paulo. A Província <strong>de</strong> São Paulo. 04 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1880.<br />
11 Rangel Pestana, por ocasião da retirada <strong>de</strong> Alberto Salles da redação da folha, publica<strong>do</strong> na seção “A<br />
Província <strong>de</strong> São Paulo”, A Província <strong>de</strong> São Paulo, 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1885.<br />
12 CAPELATO; PRADO. op. cit. P. 91