Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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com a formação <strong>de</strong> uma historiografia, intensamente veiculada, que salientava a<br />
singularida<strong>de</strong> <strong>do</strong> país, em <strong>de</strong>trimento às republiquetas <strong>do</strong> continente. Devem-se<br />
ressaltar também questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m prática que contribuíram para colocar o país “<strong>de</strong><br />
costas para a América”, tais como as pendências lin<strong>de</strong>iras, discordâncias quanto à<br />
navegação <strong>de</strong> rios internacionais, a escravidão 6 , e o pequeno fluxo comercial <strong>do</strong> Brasil<br />
com os países hispano-americanos no perío<strong>do</strong>. O império também não se via<br />
ameaça<strong>do</strong> pelas potências européias, o que o afastava das iniciativas americanistas <strong>do</strong><br />
princípio <strong>do</strong> século XIX, fomentadas, naquele perío<strong>do</strong>, basicamente no senti<strong>do</strong> da<br />
formação <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> americana frente a possíveis agressões estrangeiras.<br />
No entanto, o perío<strong>do</strong> pós 1870 foi marca<strong>do</strong> por gran<strong>de</strong>s mudanças em<br />
diversos âmbitos no Brasil. No campo político a disputa se acirrava com a entrada em<br />
cena <strong>de</strong> um novo ator, o parti<strong>do</strong> republicano, que embora não possuísse número<br />
eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> membros elaborou uma oposição organizada, sobretu<strong>do</strong> por meio da<br />
imprensa. Naquele perío<strong>do</strong> vários jornais republicanos estamparam em suas páginas<br />
críticas e propostas <strong>de</strong> reformulações para a política nacional, entre eles, A Província<br />
<strong>de</strong> São Paulo. Centrar-nos-emos neste trabalho nas formulações <strong>do</strong>s republicanos<br />
brasileiros referentes à relação <strong>do</strong> Brasil com os <strong>de</strong>mais países <strong>do</strong> continente,<br />
traduzida na célebre frase <strong>do</strong> Manifesto <strong>de</strong> 1870: “somos da América e queremos ser<br />
americanos”. Tal assertiva contrariava, como apresenta<strong>do</strong> acima, aspectos inerentes<br />
ao discurso monárquico sobre os países <strong>do</strong> continente.<br />
As obras que se <strong>de</strong>dicaram ao estu<strong>do</strong> das relações <strong>do</strong> Brasil com os <strong>de</strong>mais<br />
países americanos, apresentam a proclamação da república como divisor <strong>de</strong> águas no<br />
tocante a iniciativas <strong>de</strong> aproximação. Meu objetivo aqui é analisar a atuação <strong>de</strong> parte<br />
<strong>do</strong>s republicanos brasileiros, ainda longe das instituições formais <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, que se<br />
<strong>de</strong>dicaram em sua campanha política na <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> algumas imagens préconcebidas<br />
em relação às repúblicas vizinhas, notadamente Argentina e Chile, ainda<br />
durante a vigência da monarquia no Brasil. Para tanto utilizarei o periódico A Província<br />
<strong>de</strong> São Paulo, constituí<strong>do</strong> e financia<strong>do</strong> exclusivamente por republicanos. Esta folha se<br />
manteve constante e coerente durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, ou seja, <strong>de</strong> 1875, ano<br />
<strong>de</strong> sua fundação, a 1889, quan<strong>do</strong> é proclamada a república no Brasil.<br />
6 SANTOS. op.cit.