Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
183<br />
IDENTIDADE CONFLITANTE:<br />
REPUBLICANISMO E AMERICANISMO NO BRASIL MONÁRQUICO<br />
Paula S. Ramos<br />
RESUMO: As diferenças quanto aos regimes políticos das porções espanhola e<br />
portuguesa na América no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> século XIX foram responsáveis por gran<strong>de</strong> parte<br />
<strong>do</strong> discurso legitima<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s paises oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssas regiões. No caso brasileiro, a<br />
construção i<strong>de</strong>ológica na qual se firmou a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional pautava-se na fundação<br />
<strong>de</strong> um império tropical, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> com o contexto europeu e, portanto, com a<br />
“civilização”. Exaltava-se também a manutenção da unida<strong>de</strong> territorial e <strong>de</strong> uma<br />
relativa tranquilida<strong>de</strong> interna, <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>ras, sobretu<strong>do</strong> das instituições monárquicas. Tal<br />
imaginário era reforça<strong>do</strong> mediante as formulações negativas <strong>do</strong>s acontecimentos nas<br />
repúblicas vizinhas. O processo <strong>de</strong> configuração <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> império<br />
colonial espanhol foi lento e marca<strong>do</strong> por conflitos regionais, e as elites brasileiras<br />
interpretaram estes eventos como manifestações da anarquia e fragmentação próprias<br />
das idéias republicanas. Este discurso foi insistentemente veicula<strong>do</strong> em manuais<br />
escolares, artigos <strong>de</strong> jornais e discursos políticos, o que contribuiu para um<br />
afastamento <strong>do</strong> Brasil em relação aos <strong>de</strong>mais países <strong>do</strong> continente durante o regime<br />
monárquico. Esta perspectiva, no entanto, passou por questionamentos nos anos<br />
finais <strong>do</strong> século XIX. Após a década <strong>de</strong> 1870, os <strong>de</strong>bates se acirraram no campo<br />
político com a entrada em cena <strong>de</strong> um novo ator, o parti<strong>do</strong> republicano, que embora<br />
não possuísse número eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> membros elaborou uma oposição organizada,<br />
sobretu<strong>do</strong> por meio da imprensa. Naquele perío<strong>do</strong> vários jornais republicanos<br />
estamparam em suas páginas críticas e propostas <strong>de</strong> reformulações para a política<br />
nacional, entre eles, A Província <strong>de</strong> São Paulo, utiliza<strong>do</strong> como fonte <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>.<br />
Associa<strong>do</strong> ao projeto republicano, alguns setores da socieda<strong>de</strong> brasileira passaram a<br />
ter nos países hispano-americanos, notadamente Argentina e Chile, mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
organização política e econômica. A relevância <strong>de</strong>sta pesquisa constitui-se no fato <strong>de</strong><br />
privilegiar a vertente da aproximação entre os países em questão ainda durante a<br />
vigência <strong>do</strong> regime monárquico no Brasil, aspecto pouco aborda<strong>do</strong> pela historiografia.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Republicanismo; Americanismo; Imprensa.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Para a compreensão das relações <strong>do</strong> Brasil com os <strong>de</strong>mais países americanos<br />
durante o século XIX, faz-se necessário marcar as diferenças entre os regimes políticos<br />
<strong>de</strong>ssas porções <strong>do</strong> continente, pois, como bem apresentou Luis Cláudio Villafañe<br />
Mestranda <strong>do</strong> PPGHS/FCL Unesp – Assis. Instituição <strong>de</strong> fomento: Fundação <strong>de</strong> Amparo e Apoio à<br />
Pesquisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo – FAPESP.