Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Desta forma, alguns autores, como Maria Alice Rosa Ribeiro, em artigo <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> às<br />
primeiras pesquisa<strong>do</strong>ras em História Econômica no Brasil, apontam a importância<br />
<strong>de</strong>sta presença na confecção das teses <strong>de</strong> Alice Canabrava. “Sem dúvida, a matriz<br />
teórica e meto<strong>do</strong>lógica, a forma <strong>de</strong> fazer história e a influência das preocupações com<br />
os aspectos econômicos vieram <strong>do</strong>s Annales.” (RIBEIRO, 1999, p. 15).<br />
Basea<strong>do</strong>s na apreciação que Fernand Brau<strong>de</strong>l fez <strong>de</strong> sua tese <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>utoramento 9 e que o historia<strong>do</strong>r português Vitorino Magalhães Godinho fez <strong>de</strong> sua<br />
tese <strong>de</strong> livre-<strong>do</strong>cência 10 , ambas publicadas na revista Annales, Zélia Maria Car<strong>do</strong>so <strong>de</strong><br />
Mello; Nelson Hi<strong>de</strong>iki Nozoe e Flávio Azeve<strong>do</strong> Marques <strong>de</strong> Saes (1985) <strong>de</strong>stacam o<br />
tratamento da<strong>do</strong> às fontes por nossa historia<strong>do</strong>ra: “As três pesquisas têm por base<br />
amplo levantamento <strong>de</strong> fontes primárias. Não apenas as ‘fontes oficiais’, privilegiadas<br />
pela história positivista, mas to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> fonte primária que possa fornecer<br />
informações relevantes.” (MELLO; NOZOE; SAES, 1985, p. 177). Outro aspecto<br />
ressalta<strong>do</strong> pelos autores é a importância concedida à Geografia na análise histórica:<br />
“(...) elemento marcante no plano meto<strong>do</strong>lógico é a consi<strong>de</strong>ração minuciosa <strong>do</strong>s<br />
fatores geográficos pertinentes a cada situação histórica estudada.” (MELLO; NOZOE;<br />
SAES, 1985, p. 177).<br />
Diante <strong>de</strong>stas apreciações, Jobson Arruda (2011) aponta que a importância<br />
<strong>de</strong>ste lugar, ou seja, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras da USP, principalmente<br />
com a presença <strong>do</strong>s mestres franceses, é superestimada. A presença <strong>de</strong> Fernand<br />
Brau<strong>de</strong>l, por exemplo, esteve ligada à ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> História da Civilização e sua<br />
preocupação primordial era com o ensino e não em transmitir méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisa,<br />
até mesmo porque sua tese sobre o Mediterrâneo ainda não havia si<strong>do</strong> escrita.<br />
A<strong>de</strong>mais, no perío<strong>do</strong> em que Alice Canabrava foi aluna <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> graduação em<br />
História e Geografia, entre os anos <strong>de</strong> 1935 e 1937, a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> História da Civilização<br />
9 A tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento <strong>de</strong> Alice Piffer Canabrava foi <strong>de</strong>fendida em 1942 e se intitula O Comércio<br />
Português no Rio da Prata (1580-1640). Esta foi parte da apreciação <strong>de</strong> Fernand Brau<strong>de</strong>l na revista<br />
Annales: “No tocante a estas regiões <strong>de</strong>serdadas, no começo <strong>de</strong> sua ru<strong>de</strong> vida ‘colonial’, uma jovem<br />
historia<strong>do</strong>ra brasileira, Alice Piffer Canabrava, formada e orientada, posso assegurar, pela leitura e<br />
conhecimento <strong>de</strong> nossos ANNALES, acaba <strong>de</strong> escrever um livro, seu primeiro livro. Com satisfação,<br />
posso dizer que se trata <strong>de</strong> um livro <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância”. (BRAUDEL, 1948, p. 547 apud MELLO;<br />
NOZOE; SAES, 1985, p. 176).<br />
10 “Objeto <strong>de</strong> larga envergadura, ao qual Alice Piffer Canabrava consagrou o estu<strong>do</strong> talvez o mais<br />
notável da jovem literatura histórica brasileira <strong>de</strong> hoje (...). É verda<strong>de</strong>iramente história no senti<strong>do</strong> que a<br />
enten<strong>de</strong>mos nos Annales: total, humana.” (GODINHO, 1948, p. 541, 544 apud SAES, 1998, p. 12).