Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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No que tange à historiografia econômica brasileira, Francisco Iglésias é um <strong>do</strong>s<br />
principais historia<strong>do</strong>res preocupa<strong>do</strong>s em acompanhar a produção <strong>do</strong> campo,<br />
exatamente pelo fato <strong>de</strong> que sua especialida<strong>de</strong> foi a História Econômica. Em textos <strong>de</strong><br />
1959 e <strong>de</strong> 1972, quan<strong>do</strong> promove um balanço acerca da produção em História<br />
Econômica no Brasil, Francisco Iglésias remonta o surgimento <strong>do</strong> campo ao século<br />
XVIII 5 . Contu<strong>do</strong>, mesmo para o autor, a História Econômica no Brasil somente ganhou<br />
força a partir <strong>do</strong>s anos 30 <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, principalmente com as gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong><br />
síntese <strong>de</strong> Roberto Simonsen, Caio Pra<strong>do</strong> Júnior e Celso Furta<strong>do</strong>, que intentam, cada<br />
uma à seu mo<strong>do</strong>, captar a dinâmica da realida<strong>de</strong> econômica brasileira em sua<br />
totalida<strong>de</strong>.<br />
Outro fator <strong>de</strong>cisivo para a consolidação <strong>do</strong> campo no Brasil foi a<br />
institucionalização da disciplina histórica que se <strong>de</strong>u com a reforma <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong><br />
Francisco Campos empreendida em 1931 e marcou a criação das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Educação, Ciências e Letras e mais tar<strong>de</strong>, em 1934, a criação das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Filosofia e Economia. Especificamente acerca da História Econômica, o ano <strong>de</strong> 1933<br />
marca sua institucionalização com a criação da primeira ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> História Econômica<br />
<strong>do</strong> Brasil na Escola <strong>de</strong> Sociologia e Política <strong>de</strong> São Paulo, ten<strong>do</strong> como seu primeiro<br />
regente Roberto Simonsen.<br />
5 Para José Honório Rodrigues (1969) a História Econômica no Brasil surge somente no século XX com as<br />
obras <strong>de</strong> Amaro Cavalcanti, José Pandiá Calógeras, Leopol<strong>do</strong> Bulhões, Antonio Carlos Ribeiro <strong>de</strong><br />
Andrada, Roberto Simonsen, Alfre<strong>do</strong> Ellis Jr., Afonso Arinos <strong>de</strong> Mello Franco, F. T. <strong>de</strong> Sousa Reis, J. F.<br />
Normano, Afonso Taunay, Josias Leão, Marcos Carneiro <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nça, José Jobim, Caio Pra<strong>do</strong> Jr., Pires<br />
<strong>do</strong> Rio e Alice Canabrava. A justificativa <strong>de</strong> Honório Rodriguez é a <strong>de</strong> que até inícios <strong>do</strong> século XX<br />
tínhamos obras <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição da realida<strong>de</strong> econômica e não obras <strong>de</strong> História Econômica propriamente,<br />
posto que não apresentavam nenhum esboço <strong>de</strong> análise, como por exemplo, os escritos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />
colonial brasileiro: a obra <strong>de</strong> André João Antonil (Cultura e Opulência <strong>do</strong> Brasil por suas drogas e minas,<br />
publicada em 1711), a <strong>de</strong> Gabriel Soares <strong>de</strong> Sousa (Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo <strong>do</strong> Brasil em 1578), Ambrósio<br />
Fernan<strong>de</strong>s Brandão (Diálogos das gran<strong>de</strong>zas <strong>do</strong> Brasil), José Mariano Conceição Velloso, Diogo Pereira<br />
Ribeiro <strong>de</strong> Vasconcelos e Luís Vilhena, que servem <strong>de</strong> excelentes fontes para a História Econômica.<br />
A<strong>de</strong>mais, temos os escritos <strong>de</strong> José da Silva Lisboa, o famigera<strong>do</strong> Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cairú, e <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>sembarga<strong>do</strong>r João Rodrigues <strong>de</strong> Brito, que tratam mais <strong>de</strong> política econômica <strong>do</strong> que <strong>de</strong> História<br />
Econômica. No entanto, para Francisco Iglésias (1959), a obra <strong>de</strong> Diogo Pereira Ribeiro <strong>de</strong> Vasconcelos<br />
intitulada Minas e os Quintos <strong>do</strong> Ouro (1770?), que Honório (1969) classifica como <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição da<br />
realida<strong>de</strong> econômica, “parece-nos obra <strong>de</strong> história econômica, não simples <strong>de</strong>scrição da atualida<strong>de</strong>,<br />
apesar <strong>do</strong> tom quase <strong>de</strong> crônica ou relatório.” (Iglésias, 1959, p. 76). O adjetivo quase cabe bem aqui,<br />
posto que se a obra não possuísse um “toque” <strong>de</strong> análise, seria sem dúvida, meramente <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição da<br />
realida<strong>de</strong> econômica. Assim como a obra <strong>de</strong> José João Teixeira Coelho intitulada Instrução para o<br />
Governo da Capitania <strong>de</strong> Minas Gerais (1780) que “(...) contém informações e críticas sobre a economia<br />
mineira (...)” (Iglésias, 1959, p. 77).