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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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171<br />

Manoel Luiz Salga<strong>do</strong> Guimarães é o autor brasileiro que empreen<strong>de</strong>rá uma<br />

revisão historiográfica <strong>do</strong> século XIX inspira<strong>do</strong> nas propostas <strong>de</strong> Michel De Certeau 4 .<br />

Em texto <strong>de</strong> 2005, o autor, a partir das produções <strong>de</strong> José Honório Rodrigues, Carlos<br />

Guilherme Mota, José Roberto <strong>do</strong> Amaral Lapa e Nilo Odália, busca traçar um histórico<br />

da História da Historiografia brasileira enquanto campo. Seu intento o leva a concluir<br />

que,<br />

fun<strong>do</strong>u-se uma forma peculiar <strong>de</strong> pensar a historiografia como<br />

parte das tarefas <strong>de</strong> pesquisa <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r, segun<strong>do</strong> as quais<br />

os textos produzi<strong>do</strong>s são interroga<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> propósitos<br />

externos aos próprios textos, secundarizan<strong>do</strong>-os <strong>de</strong>sta maneira<br />

como matéria primordial <strong>de</strong> análise para o historia<strong>do</strong>r.<br />

(GUIMARÃES, 2005, p. 43).<br />

Esta conclusão <strong>de</strong> Manoel Luiz Salga<strong>do</strong> Guimarães é bastante representativa<br />

<strong>de</strong> sua proposta <strong>de</strong> análise historiográfica: <strong>de</strong><strong>vol</strong>ver ao texto seu papel central e<br />

restabelecê-lo como material primordial <strong>de</strong> análise <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r. Esta sua proposta<br />

está vinculada às principais preocupações <strong>de</strong> Michel De Certeau, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que<br />

Manoel Guimarães busca pensar a cultura historiográfica <strong>do</strong> século XIX brasileiro, não<br />

como fruto unívoco da busca por cientificização da disciplina histórica, mas sim como<br />

fruto <strong>de</strong> disputas por um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, aquele que melhor po<strong>de</strong>ria servir para<br />

a construção <strong>de</strong> uma História Nacional. O lócus privilegia<strong>do</strong> pelo autor é o IHGB que<br />

po<strong>de</strong>ria ser compreendi<strong>do</strong> enquanto lugar social da escrita da História brasileira no<br />

século XIX. Para ele, “(...) trata-se <strong>de</strong> assumir a escrita como uma operação, que aciona<br />

procedimentos e proce<strong>de</strong> escolhas, pon<strong>do</strong> em disputa visões e significações para o<br />

passa<strong>do</strong>”. (GUIMARÃES, 2003, p. 13).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, nosso trabalho segue na esteira da tradição inaugurada no<br />

Brasil por Manoel Luiz Salga<strong>do</strong> Guimarães, on<strong>de</strong> procuramos analisar a escrita da<br />

História Econômica <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>s historia<strong>do</strong>res econômicos: Alice Piffer Canabrava,<br />

José Roberto <strong>do</strong> Amaral Lapa e José Jobson <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Arruda.<br />

<strong>de</strong> um texto (uma literatura). É admitir que ela faz parte da ‘realida<strong>de</strong>’ da qual trata, e que essa<br />

realida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser apropriada ‘enquanto ativida<strong>de</strong> humana’, ‘enquanto prática’. Nesta perspectiva, (...)<br />

a operação histórica se refere à combinação <strong>de</strong> um lugar social, <strong>de</strong> práticas ‘científicas’ e <strong>de</strong> uma<br />

escrita.” (CERTEAU, 1982, p. 66).<br />

4 Já em 1988 Manoel Luiz Salga<strong>do</strong> Guimarães implementa sua nova proposta e perspectiva <strong>de</strong> análise da<br />

História da Historiografia brasileira. Em seu artigo intitula<strong>do</strong> Nação e Civilização nos trópicos, Guimarães<br />

analisa a escrita da História operacionalizada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB),<br />

como marco <strong>de</strong> uma proposta que tenta sistematizar um projeto para a escrita da História <strong>do</strong> Brasil.

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