Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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UMA HISTÓRIA DA HISTÓRIA ECONÔMICA NO BRASIL (1951-1972)<br />
Otávio Erbereli Júnior 1<br />
RESUMO: Os <strong>de</strong>bates ocorri<strong>do</strong>s durante as décadas <strong>de</strong> 60 e 70 <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong><br />
foram fundamentais no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se pensar o ofício <strong>de</strong> historia<strong>do</strong>r e sua escrita,<br />
constituin<strong>do</strong>-se novo campo historiográfico: a História da Historiografia. Ten<strong>do</strong> em<br />
mente as preocupações <strong>de</strong>ssa área, procuramos compreen<strong>de</strong>r os fundamentos da<br />
escrita da História Econômica <strong>de</strong> Alice Piffer Canabrava, José Roberto <strong>do</strong> Amaral Lapa e<br />
José Jobson <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Arruda. Para tanto, tomamos por fonte a tese <strong>de</strong> Alice<br />
Canabrava para a cátedra <strong>de</strong> História Econômica e Formação Econômica <strong>do</strong> Brasil, O<br />
Desen<strong>vol</strong>vimento da Cultura <strong>do</strong> Algodão na Província <strong>de</strong> São Paulo (1861-1875),<br />
<strong>de</strong>fendida na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Econômicas e Administrativas da USP em 1951; a<br />
tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>de</strong> Amaral Lapa, A Bahia e a Carreira da Índia, <strong>de</strong>fendida em 1966<br />
na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras <strong>de</strong> Marília e O Brasil no Comércio Colonial,<br />
tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>de</strong> José Jobson <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Arruda na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Letras<br />
e Ciências Humanas da USP, <strong>de</strong>fendida em 1972. Para tal interpretação, partimos da<br />
noção <strong>de</strong> operação historiográfica <strong>de</strong> Michel <strong>de</strong> Certeau, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>, portanto, o<br />
lugar social, as práticas científicas e a escrita que resultaram nessas produções.<br />
PALAVRAS-CHAVE: História da Historiografia, Fundamentos da Escrita da História,<br />
História Econômica.<br />
A História Econômica há muito se consoli<strong>do</strong>u como um <strong>do</strong>s diversos campos<br />
da História, seja através da Escola Histórica <strong>de</strong> Economia Política, <strong>do</strong> Marxismo ou da<br />
Escola <strong>do</strong>s Annales 2 . Contu<strong>do</strong>, a História da História, ou mais comumente a História da<br />
Historiografia, enquanto campo, é fruto <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong>s anos<br />
60 e 70 <strong>do</strong> século XX, em torno <strong>do</strong> ofício <strong>de</strong> historia<strong>do</strong>r e <strong>de</strong> sua escrita da História,<br />
principalmente com os trabalhos <strong>de</strong> Hay<strong>de</strong>n White – sua Meta-História publica<strong>do</strong> em<br />
1973 – e Michel De Certeau, com seu A Escrita da História <strong>de</strong> 1975 3 .<br />
1 Mestran<strong>do</strong> <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em História e Socieda<strong>de</strong> da Unesp – campus Assis.<br />
2 Nem por isso, as reflexões acerca da mesma cessaram. Ver, por exemplo, texto produzi<strong>do</strong> por José<br />
Flávio Motta em 2009, intitula<strong>do</strong>: “Agonia ou Robustez? Reflexões acerca da Historiografia Econômica<br />
Brasileira”. Neste artigo, Motta não tem dúvida quanto ao caráter pujante da produção em História<br />
Econômica no Brasil, proporcionan<strong>do</strong> elementos que <strong>de</strong>monstram sua fertilida<strong>de</strong> (robustez). Ver<br />
MOTTA, José Flávio. Agonia ou Robustez? Reflexões acerca da Historiografia Econômica Brasileira. In:<br />
Revista <strong>de</strong> Economia da PUC-SP. São Paulo: n. 1, p. 117-138, 2009. Outro texto que dialoga com Motta<br />
(2009), corroboran<strong>do</strong> as constatações <strong>de</strong>ste, é o artigo: FALEIROS, Rogério Naques. História Econômica,<br />
História em Construção. In: Dimensões. Vitória: <strong>vol</strong>. 24, p. 252-271, 2010.<br />
3 Michel De Certeau compreen<strong>de</strong> operação historiográfica “(...) como a relação entre um lugar (um<br />
recrutamento, um meio, uma profissão, etc.), procedimentos <strong>de</strong> análise (uma disciplina) e a construção