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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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17<br />

Nós sabíamos, e os acontecimentos o haviam comprova<strong>do</strong> na<br />

Europa, que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> um governo <strong>de</strong><br />

estrutura socialista em um só país, após ter quebra<strong>do</strong> a<br />

resistência <strong>do</strong> capitalismo monopolista, não se daria<br />

forçosamente num país <strong>de</strong> maior florescimento industrial, mas<br />

naquele em que o proletaria<strong>do</strong> contasse com forças ou alia<strong>do</strong>s<br />

po<strong>de</strong>rosos entre a massa popular <strong>de</strong>scontente, [...]. Seria o<br />

agravamento das condições em que viviam os trabalha<strong>do</strong>res<br />

que provocaria a insurreição <strong>de</strong> maneira catastrófica. No Brasil,<br />

principalmente a situação tornara-se muito séria e vinha<br />

agravan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> dia para dia. [...]. As forças armadas estavam<br />

também exacerbadas por lutas intestinas. Ainda era recente a<br />

“questão <strong>do</strong>s sargentos”, que por um triz não <strong>de</strong>u com o<br />

governo no chão [...]. Na Marinha continuava viva como uma<br />

chaga a lembrança <strong>do</strong> massacre cruel <strong>do</strong> Satélite e da Ilha das<br />

Cobras, [...]. Ora, quase to<strong>do</strong>s os marinheiros expulsos <strong>do</strong>s<br />

quadros da Armada haviam-se proletariza<strong>do</strong>, [...] Tinha si<strong>do</strong><br />

elabora<strong>do</strong> e discuti<strong>do</strong> um programa pronunciadamente<br />

socialista e que seria o manifesto com que se apresentaria ao<br />

povo, visan<strong>do</strong> à eliminação <strong>de</strong> toda a especulação, castigo<br />

exemplar aos explora<strong>do</strong>res da miséria <strong>do</strong> povo, além da nova<br />

estrutura política que a situação <strong>do</strong> momento exigia. 24<br />

É bem provável que Oiticica e seus camaradas não tivessem uma visão muito<br />

diferente <strong>do</strong> contexto da época. Organizan<strong>do</strong> assim um levante que visaria, segun<strong>do</strong> a<br />

versão oficial apresentada no inquérito policial, a <strong>de</strong>rrubada <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e seus<br />

representantes.<br />

Gran<strong>de</strong> parte da narrativa sobre a organização <strong>do</strong> movimento que será feita<br />

aqui se baseia nos <strong>de</strong>poimentos encontra<strong>do</strong>s nos autos <strong>do</strong> inquérito instaura<strong>do</strong> pela<br />

polícia <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>belada a tentativa insurrecional <strong>de</strong> 1918. Os <strong>de</strong>poimentos estão<br />

também disponíveis no livro <strong>de</strong> Ban<strong>de</strong>ira, O ano vermelho: A Re<strong>vol</strong>ução Russa e seus<br />

reflexos no Brasil.<br />

Segun<strong>do</strong> o chefe da seção <strong>de</strong> Segurança Pública e Or<strong>de</strong>m Social, da Inspetoria<br />

<strong>de</strong> Investigações e Capturas, foi por fins <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> outubro que se iniciaram as<br />

reuniões noturnas na casa <strong>do</strong> professor Oiticica. Nelas estavam sempre presentes<br />

Manuel Campos, João da Costa Pimenta, Astrojil<strong>do</strong> Pereira, Álvaro Palmeira, Carlos<br />

24 DIAS, Everar<strong>do</strong>. APUD. BANDEIRA, Moniz. I<strong>de</strong>m, p.119-120

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