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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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direita (oscilan<strong>do</strong> entre a direita radical e a extrema-direita), ainda que negassem<br />

consecutiva e veementemente.<br />

Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste pressuposto, é possível mapear, num estágio inicial (e este é o<br />

principal objetivo <strong>do</strong> presente trabalho), algumas das relações que o PRONA teve com<br />

movimentos da direita no pós-ditadura, para então compreen<strong>de</strong>r como o parti<strong>do</strong><br />

tornou-se um referencial para a direita radical e extrema-direita neste perío<strong>do</strong>,<br />

sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pequenos grupos, ou seja, a direita grupuscular.<br />

Não somente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao teor antiautoritário da nova carta constitucional, o<br />

panorama e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> grupos, movimentos e parti<strong>do</strong>s da direita<br />

(sobretu<strong>do</strong> os mais radicais) eram restritos no da<strong>do</strong> momento. A socieda<strong>de</strong> brasileira<br />

vinha <strong>de</strong> um longo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> opressão aos direitos civis, inoperância <strong>de</strong> um sistema<br />

judiciário e <strong>de</strong>mais mazelas oriundas <strong>de</strong> décadas <strong>de</strong> opressão sustentada por um<br />

vocabulário típico da direita: or<strong>de</strong>m, valores, família, po<strong>de</strong>r, força; expressões<br />

marcantes e difíceis <strong>de</strong> serem dissociadas da ditadura militar, sobretu<strong>do</strong> no imaginário<br />

popular.<br />

Significativamente, embora <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> gradual, importantes nomes <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

da ditadura militar afastaram-se <strong>de</strong>stas categorias, fortalecen<strong>do</strong> a concepção que,<br />

quaisquer fossem as iniciativas que se aproximassem das premissas <strong>do</strong> governo<br />

anterior, acarretariam em equívocos. Mesmo em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> termos genéricos<br />

como “nacionalismo” e “or<strong>de</strong>m”, a relação entre estes movimentos – no caso, o<br />

PRONA – e a acusação <strong>de</strong> sau<strong>do</strong>sismo para com o perío<strong>do</strong> antece<strong>de</strong>nte era corrente,<br />

fosse por meio <strong>de</strong> adversários políticos, ou mesmo por setores da mídia tradicional.<br />

Desta maneira, além da abordagem “jocosa” que a gran<strong>de</strong> mídia atribuía ao<br />

PRONA e Enéas Carneiro, houve também uma consi<strong>de</strong>rável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />

(entrevistas, matérias, reportagens, etc.) produzi<strong>do</strong> em tom <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia sobre o<br />

possível caráter neofascista <strong>de</strong> Enéas Carneiro, relacionan<strong>do</strong>-o não somente com os<br />

militares mais autoritários, mas também com os fascistas brasileiros da década <strong>de</strong><br />

1930 (integralistas) e, adiante, aos principais nomes <strong>do</strong> neofascismo internacional, o<br />

que, no perío<strong>do</strong>, dizia respeito principalmente ao francês Jean Marie Le Pen, lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong><br />

Front National.<br />

Ainda que este fator possa ser caracteriza<strong>do</strong> como um problema às ambições<br />

<strong>do</strong> PRONA, pois reduziriam as possibilida<strong>de</strong>s e oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong>

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