Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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é socialmente construída e constantemente modificada, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que em<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contexto histórico, há uma flexibilização e mudanças diversas em sua<br />
própria constituição e fronteiras distintivas.<br />
O contexto histórico em que se dá a emergência <strong>do</strong> PRONA está circunscrito em<br />
profundas alterações no panorama político internacional, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a distinção<br />
direita x esquerda não estaria tão evi<strong>de</strong>nte quanto em momentos anteriores. No<br />
aspecto internacional da questão, o principal fator <strong>do</strong> <strong>de</strong>senrijecimento <strong>de</strong>sta distinção<br />
foi condiciona<strong>do</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente, pelo processo que culminou com o fim das URSS e a<br />
queda <strong>do</strong> Muro <strong>de</strong> Berlim. Embora a experiência soviética não fosse, à época, a única<br />
modalida<strong>de</strong> e proposta à esquerda, ainda assim <strong>de</strong>sempenhava um papel ao menos <strong>de</strong><br />
referencial exemplificativo, ou mesmo como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> inspiração a movimentos e<br />
parti<strong>do</strong>s diversos.<br />
A queda <strong>do</strong> Muro <strong>de</strong> Berlim tornou-se um referencial simbólico à chamada<br />
<strong>de</strong>rrocada <strong>do</strong> socialismo real, on<strong>de</strong> os equívocos i<strong>de</strong>ológicos e estratégicos<br />
supostamente atestariam a necessida<strong>de</strong> em observar, compreen<strong>de</strong>r e atuar<br />
politicamente além <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los tradicionais <strong>de</strong> então. Exemplo disto é a obra <strong>de</strong><br />
Francis Fukuyama -1992, que pregara a concepção não somente <strong>do</strong> fim <strong>do</strong>s<br />
parâmetros menciona<strong>do</strong>s, mas também da própria dinâmica histórica.<br />
No contexto nacional <strong>de</strong>sta questão, além das influências exógenas (sobretu<strong>do</strong><br />
no distanciamento <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo classificativo), há <strong>de</strong> ser ressaltada a questão<br />
<strong>do</strong> antiautoritarismo, que, no caso brasileiro, supostamente seria relaciona<strong>do</strong> à direita,<br />
sobretu<strong>do</strong> por conta da ditadura militar. Isto auxilia, em parte, a compreensão <strong>do</strong> por<br />
que <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s movimentos e parti<strong>do</strong>s políticos à direita <strong>do</strong> espectro político se<br />
afastaram discursivamente <strong>de</strong>sta categoria, não somente por razões i<strong>de</strong>ológicas, mas<br />
sobretu<strong>do</strong> por questões tácitas.<br />
Desta maneira, ao tomar o PRONA como um parti<strong>do</strong> <strong>de</strong> direita, há a intenção<br />
não apenas <strong>de</strong> situá-lo à questão <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo distintivo, classificativo e organizatório<br />
(Bobbio -2001- é, certamente, uma referência nesse senti<strong>do</strong>), mas também ainda na<br />
questão da análise da construção objetiva que o parti<strong>do</strong> e <strong>de</strong>vidas li<strong>de</strong>ranças fizeram<br />
<strong>de</strong> sua própria atuação. Ainda que questões i<strong>de</strong>ológicas fossem importantes neste<br />
panorama, o aspecto das relações institucionais – em seus diversos níveis – ajuda a<br />
compreen<strong>de</strong>r e corroborar a i<strong>de</strong>ia que o PRONA efetuou uma trajetória típica da