14.10.2014 Views

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

154<br />

sempre se faz necessário seja em uma república – consi<strong>de</strong>rada por Maquiavel em seus<br />

discursos como um regime político perfeito 22 - ou até mesmo em uma monarquia.<br />

Quan<strong>do</strong> o referi<strong>do</strong> regime se per<strong>de</strong> em corrupção, faz-se necessário recorrer ao forte<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um único homem 23 .<br />

O príncipe, na condução <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong> emergente na Europa Mo<strong>de</strong>rna, precisa<br />

ter um posicionamento diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais habitantes <strong>do</strong> reina<strong>do</strong>. Skinner afirma<br />

que essa é uma i<strong>de</strong>ia adaptada <strong>do</strong> pensamento político <strong>de</strong> Aristóteles, o qual foi reli<strong>do</strong><br />

pelos renascentistas que <strong>de</strong>fendiam que aquilo que po<strong>de</strong> ser útil ao povo, po<strong>de</strong> não<br />

ser útil ao príncipe, numa clara referência da separação entre o po<strong>de</strong>r público e o<br />

po<strong>de</strong>r priva<strong>do</strong> 24 .<br />

Quan<strong>do</strong> se faz uma leitura mais apurada <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong> Maquiavel, em<br />

linhas gerais, muitos estudiosos o classificam como sen<strong>do</strong> uma obra sui generis, ou<br />

seja, que não po<strong>de</strong> ser classificada ou incluída em nenhuma das escolas da filosofia<br />

política renascentista. Mas, como já citamos acima, na verda<strong>de</strong> seu estilo é bem<br />

comum à maioria <strong>de</strong>sses escritores. Entretanto, como <strong>de</strong>staca Skinner, Maquiavel faz<br />

parte <strong>de</strong> uma nova geração <strong>de</strong> pensa<strong>do</strong>res que tiveram como ponto <strong>de</strong> partida a<br />

inclusão <strong>de</strong> novos questionamentos, novos conceitos que <strong>de</strong>veriam ser aborda<strong>do</strong>s a<br />

partir dali.<br />

Comparan<strong>do</strong> o pensamento <strong>de</strong> Maquiavel aos <strong>de</strong>mais pensa<strong>do</strong>res que se<br />

<strong>de</strong>bruçaram sobre o assunto em voga nesse contexto, Skinner <strong>de</strong>stacou os seguintes<br />

pontos 25 :<br />

A questão a respeito <strong>de</strong> o príncipe ser temi<strong>do</strong> ou ama<strong>do</strong> pelos seus súditos<br />

também não é original <strong>de</strong> Maquiavel; outros autores chegaram à seguinte<br />

conclusão: o príncipe <strong>de</strong>ve ter por meta, não apenas ser ama<strong>do</strong>, entretanto,<br />

<strong>de</strong>verá ser quase a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> pelos súditos. Maquiavel não concorda com esse<br />

ponto <strong>de</strong> vista e afirma que, para ele, é mais importante ser temi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que<br />

ama<strong>do</strong>, pois sen<strong>do</strong> este temi<strong>do</strong> e toman<strong>do</strong> as <strong>de</strong>vidas precauções, evitará o<br />

22 Cf. Maquiavel, Nicolau. Discursos sobre a primeira década <strong>de</strong> Tito Lívio, São Paulo: Editora Brasileira,<br />

1970.<br />

23 SKINNER, Quentin. As fundações <strong>do</strong> pensamento político mo<strong>de</strong>rno. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Cia das Letras,<br />

1999.<br />

24 I<strong>de</strong>m.<br />

25 I<strong>de</strong>m.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!