Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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sempre se faz necessário seja em uma república – consi<strong>de</strong>rada por Maquiavel em seus<br />
discursos como um regime político perfeito 22 - ou até mesmo em uma monarquia.<br />
Quan<strong>do</strong> o referi<strong>do</strong> regime se per<strong>de</strong> em corrupção, faz-se necessário recorrer ao forte<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um único homem 23 .<br />
O príncipe, na condução <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong> emergente na Europa Mo<strong>de</strong>rna, precisa<br />
ter um posicionamento diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais habitantes <strong>do</strong> reina<strong>do</strong>. Skinner afirma<br />
que essa é uma i<strong>de</strong>ia adaptada <strong>do</strong> pensamento político <strong>de</strong> Aristóteles, o qual foi reli<strong>do</strong><br />
pelos renascentistas que <strong>de</strong>fendiam que aquilo que po<strong>de</strong> ser útil ao povo, po<strong>de</strong> não<br />
ser útil ao príncipe, numa clara referência da separação entre o po<strong>de</strong>r público e o<br />
po<strong>de</strong>r priva<strong>do</strong> 24 .<br />
Quan<strong>do</strong> se faz uma leitura mais apurada <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong> Maquiavel, em<br />
linhas gerais, muitos estudiosos o classificam como sen<strong>do</strong> uma obra sui generis, ou<br />
seja, que não po<strong>de</strong> ser classificada ou incluída em nenhuma das escolas da filosofia<br />
política renascentista. Mas, como já citamos acima, na verda<strong>de</strong> seu estilo é bem<br />
comum à maioria <strong>de</strong>sses escritores. Entretanto, como <strong>de</strong>staca Skinner, Maquiavel faz<br />
parte <strong>de</strong> uma nova geração <strong>de</strong> pensa<strong>do</strong>res que tiveram como ponto <strong>de</strong> partida a<br />
inclusão <strong>de</strong> novos questionamentos, novos conceitos que <strong>de</strong>veriam ser aborda<strong>do</strong>s a<br />
partir dali.<br />
Comparan<strong>do</strong> o pensamento <strong>de</strong> Maquiavel aos <strong>de</strong>mais pensa<strong>do</strong>res que se<br />
<strong>de</strong>bruçaram sobre o assunto em voga nesse contexto, Skinner <strong>de</strong>stacou os seguintes<br />
pontos 25 :<br />
A questão a respeito <strong>de</strong> o príncipe ser temi<strong>do</strong> ou ama<strong>do</strong> pelos seus súditos<br />
também não é original <strong>de</strong> Maquiavel; outros autores chegaram à seguinte<br />
conclusão: o príncipe <strong>de</strong>ve ter por meta, não apenas ser ama<strong>do</strong>, entretanto,<br />
<strong>de</strong>verá ser quase a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> pelos súditos. Maquiavel não concorda com esse<br />
ponto <strong>de</strong> vista e afirma que, para ele, é mais importante ser temi<strong>do</strong> <strong>do</strong> que<br />
ama<strong>do</strong>, pois sen<strong>do</strong> este temi<strong>do</strong> e toman<strong>do</strong> as <strong>de</strong>vidas precauções, evitará o<br />
22 Cf. Maquiavel, Nicolau. Discursos sobre a primeira década <strong>de</strong> Tito Lívio, São Paulo: Editora Brasileira,<br />
1970.<br />
23 SKINNER, Quentin. As fundações <strong>do</strong> pensamento político mo<strong>de</strong>rno. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Cia das Letras,<br />
1999.<br />
24 I<strong>de</strong>m.<br />
25 I<strong>de</strong>m.