Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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To<strong>do</strong> príncipe pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ve agir: não apenas prover o<br />
presente, mas antecipar casos futuros e premunir-se com muita<br />
perícia, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que se possam facilmente lhes dar corretivo, e<br />
não permitir que os fatos se esbocem, pois se assim for o<br />
remédio não chega a tempo, e a <strong>do</strong>ença torna-se incurável 19 .<br />
O que po<strong>de</strong>mos afirmar é que Maquiavel possui um conceito <strong>de</strong> razão <strong>de</strong><br />
Esta<strong>do</strong> que para ele é sempre tê-lo como fim único para seu governante. O<br />
governante, seja ele príncipe ou um cônsul republicano, <strong>de</strong>ve se adiantar aos<br />
problemas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para evitar sua ruína, mesmo que para isso utilize-se <strong>do</strong>s<br />
méto<strong>do</strong>s mais cruéis que lhe forem necessários: “assim, é preciso que, para se<br />
conservar, um príncipe aprenda a ser mau, e que se sirva ou não disso <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />
necessida<strong>de</strong>” 20 . Na condução <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong>, quem lhe estiver à frente <strong>de</strong>ve sempre<br />
zelar pelo êxito a to<strong>do</strong> o momento. Segue o autor afirman<strong>do</strong> que “nos atos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
homens, em especial <strong>do</strong>s príncipes, em que não há tribunal a que recorrer, somente<br />
importa o êxito, bom ou mal. Procure, pois, um príncipe vencer e preservar o Esta<strong>do</strong>”.<br />
Benassi faz a seguinte síntese sobre o pensamento <strong>do</strong> autor:<br />
Manter a paz e proteger a proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s súditos, na<br />
socieda<strong>de</strong> concebida por Maquiavel, representam promover o<br />
bem geral. Para o autor, ao gerir os negócios e interesses <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> e buscar promover o bem geral, o novo príncipe <strong>de</strong>veria<br />
se comprometer realmente com as novas necessida<strong>de</strong>s sociais<br />
e proporcionar aos seus súditos, entre muitos outros<br />
benefícios, a tão <strong>de</strong>sejada segurança e proteção. Se assim o<br />
fizesse, eles o reconheceriam como uma autorida<strong>de</strong> qualificada<br />
para governar 21 .<br />
Skinner, <strong>de</strong>staca que havia um tipo <strong>de</strong> pensamento em comum entre os<br />
escritores consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s “espelhos <strong>do</strong> príncipe”, que está no fato <strong>de</strong> em sua gran<strong>de</strong><br />
maioria concordar que o principal objetivo <strong>de</strong> quem estiver à frente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é<br />
manter a paz. Maquiavel contrapõe esse argumento e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o uso da força<br />
19 I<strong>de</strong>m.<br />
20 I<strong>de</strong>m.<br />
21 BENASSI, Márcia Aparecida Lopes. História, Conhecimento e Prática Política em Nicolau Maquiavel.<br />
Maringá: UEM (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>), 2007.