14.10.2014 Views

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

152<br />

sobre a matéria. Se não se <strong>de</strong>sviarem <strong>do</strong>s caminhos aponta<strong>do</strong>s<br />

nos livros, os príncipes po<strong>de</strong>rão esperar alcançar o<br />

reconhecimento <strong>de</strong> seus súditos e a paz, que era consi<strong>de</strong>rada o<br />

valor maior no mun<strong>do</strong> da política 17 .<br />

De certa forma po<strong>de</strong>mos comparar as obras <strong>de</strong> Maquiavel quanto ao estilo, não<br />

quanto ao seu conteú<strong>do</strong>. Pois o mesmo, como foi afirma<strong>do</strong> anteriormente,<br />

representou uma quebra no paradigma vigente na política. Maquiavel foi o primeiro<br />

entre os teóricos políticos a separar o Esta<strong>do</strong> da religião.<br />

Sua obra será direcionada basicamente a uma secularização das<br />

questões humanas e, por consequência, a um aperfeiçoamento<br />

ou educação secular <strong>do</strong> homem. Assim, mesmo quan<strong>do</strong> resgata<br />

personagens bíblicos, como Moisés, por exemplo, Maquiavel<br />

procura dar importância não aos aspectos espiritual-religiosos<br />

<strong>de</strong>sses personagens, mas, sim, aos políticos temporais. Ou seja,<br />

ao tratar <strong>de</strong>sses lí<strong>de</strong>res bíblicos, consi<strong>de</strong>ra-os como estadistas<br />

que, apesar <strong>de</strong> serem guia<strong>do</strong>s por mão superior, obtiveram<br />

sucesso políticos porque suas virtu<strong>de</strong>s lhe possibilitaram<br />

aproveitar circunstâncias históricas favoráveis que se<br />

apresentaram no momento em que viveram 18 .<br />

A propósito, Maquiavel <strong>de</strong>feriu inúmeras críticas aos pensa<strong>do</strong>res humanistas,<br />

pois esses em muitas vezes não atribuíam a políticas fatores como o uso da força bruta<br />

(Skinner, 1999). Para Maquiavel, reprimir, con<strong>de</strong>nar, julgar, são itens <strong>de</strong> uso exclusivo<br />

<strong>do</strong>s governantes. Cada um <strong>de</strong>ve ser utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas necessida<strong>de</strong>s. A esse<br />

respeito Maquiavel tece longos comentários em razão da postura que o príncipe <strong>de</strong>ve<br />

tomar diante <strong>do</strong>s problemas que, por ventura, vieram a ocorrer. Maquiavel sempre faz<br />

menção a essa atitu<strong>de</strong> enérgica por parte <strong>do</strong> príncipe:<br />

17 BIGNOTTO, Newton. Nicolau Maquiavel (1469-1527) e a Nova Reflexão Política. In. MAINKA, Peter<br />

Johann (org.). A Caminho <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>rno: Concepções Clássicas da Filosofia Política no século XVI e<br />

o seu Contexto Histórico. Maringá: EDUEM, 2007 (p.49-69).<br />

18 MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 2000.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!