Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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151<br />
socieda<strong>de</strong> que <strong>de</strong>saparecia como aquela que se firmava<br />
historicamente 13 .<br />
Dessa forma po<strong>de</strong>mos fazer algumas menções a respeito <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong><br />
Nicolau Maquiavel e sua concepção <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> Centraliza<strong>do</strong>. A priori po<strong>de</strong>mos afirmar<br />
que Maquiavel <strong>de</strong>fendia um Esta<strong>do</strong> forte, que tivesse como única e exclusiva<br />
preocupação, por parte <strong>de</strong> quem lhe estivesse na dianteira, sua manutenção a to<strong>do</strong><br />
custo. Para Maquiavel o governante, seja ele príncipe ou cônsul, <strong>de</strong>veria fazer valer<br />
suas pretensões quan<strong>do</strong> estas tiverem como objetivo primeiro a consolidação e a<br />
manutenção da or<strong>de</strong>m.<br />
A quem credite a Nicolau Maquiavel a introdução <strong>do</strong> termo “Esta<strong>do</strong>” na<br />
literatura política 14 . Segun<strong>do</strong> Kristch, “a palavra stato po<strong>de</strong> até ter si<strong>do</strong> introduzida na<br />
literatura política por Maquiavel e talvez não haja, antes <strong>de</strong>le, quem tenha escrito <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> tão direto sobre a lógica <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r 15 . O papel <strong>de</strong> Maquiavel não foi formular um<br />
conceito pronto <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>, ou conjunto <strong>de</strong> leis que pu<strong>de</strong>ssem facilitar a ação <strong>do</strong><br />
monarca, príncipe ou cônsul, mas sim discorrer sobre o que havia posto pelas<br />
discussões anteriores. Ele apenas indicou um caminho para que se fizesse esse Esta<strong>do</strong><br />
sem maiores problemas 16 .<br />
Essa concepção política <strong>de</strong> Maquiavel, na época em que o mesmo <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>veu<br />
seu pensamento, não era algo original. Durante a Ida<strong>de</strong> Média um estilo literário muito<br />
comum serviu <strong>de</strong> base, <strong>de</strong> inspiração a ele, no que Bignotto chama <strong>de</strong> espelhos <strong>do</strong>s<br />
príncipes.<br />
Uma espécie <strong>de</strong> manual no qual o autor procura ensinar-lhes<br />
como <strong>de</strong>vem se comportar para serem bons príncipes. Para os<br />
autores <strong>de</strong>sses escritos, a principal arma da qual dispõe um<br />
governante para conservar seus <strong>do</strong>mínios é o respeito às leis <strong>de</strong><br />
Deus e o cultivo das virtu<strong>de</strong>s cristãs ensinadas na Igreja e<br />
reconhecidas como verda<strong>de</strong>iras por to<strong>do</strong>s os que escrevem<br />
13 PEREIRA, José Flávio. Maquiavel: um Pensa<strong>do</strong>r Medieval ou Mo<strong>de</strong>rno? In: Acta Scientiarum 22 (1).<br />
Maringá-PR, UEM, 2000.<br />
14 MEINECKE, F. Machiavellism. The <strong>do</strong>ctrine of “Raison d’État” and its Place Mo<strong>de</strong>rn History. Lon<strong>do</strong>n:<br />
Westview, 1984.<br />
15 KRISTCH, Raquel. Rumo ao Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno: as raízes medievais <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus elementos<br />
forma<strong>do</strong>res. Revista <strong>de</strong> Sociologia Política, Curitiba, nº 23, p. 103-114, nov. 2004.<br />
16 I<strong>de</strong>m.