Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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centralização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r. Dessa forma, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> Feudal torna-se anacrônico<br />
aos interesses imediatos <strong>de</strong>ssa classe emergente.<br />
Contu<strong>do</strong>, transformar os outrora servos em súditos não era tarefa fácil; foi<br />
necessário criar um discurso que viesse legitimar esse evento. Educan<strong>do</strong> tanto o<br />
governante como o governa<strong>do</strong>. A propósito, as transformações que ocorreram foram<br />
fruto <strong>do</strong> contexto político e cultural da Europa, no qual po<strong>de</strong>mos citar como ponto <strong>de</strong><br />
partida o renascimento e o humanismo italiano, em que faz parte Nicolau Maquiavel.<br />
O tomamos como objeto <strong>de</strong> análise, pois o mesmo foi responsável por <strong>de</strong>sbravar o<br />
terreno filosófico/político <strong>de</strong> on<strong>de</strong> irão surgir os novos i<strong>de</strong>ais sobre esses temas 9 .<br />
Primeiramente, o próprio Maquiavel <strong>de</strong>ixa claro o seu posicionamento quanto<br />
às formas <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> existentes já em seu primeiro capítulo <strong>de</strong> “O Príncipe”. Para ele,<br />
ou é uma república ou um principa<strong>do</strong> 10 . Na verda<strong>de</strong>, como afirmou Bignotto 11 , o autor<br />
encerra um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> discussões a respeito <strong>do</strong> que é melhor em termos <strong>de</strong> governo.<br />
Essa questão para ele foi resolvida por meio <strong>do</strong>s escritos antigos, aon<strong>de</strong> chegou à<br />
conclusão <strong>de</strong> que essas eram as duas maneiras <strong>de</strong> governos que existem. Caben<strong>do</strong>, a<br />
partir dali, apenas <strong>de</strong>finir qual caminho essas <strong>de</strong>veriam seguir para sua melhor<br />
consolidação. Em “O Príncipe”, Maquiavel discursa sobre as monarquias, fazen<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>ssa obra um verda<strong>de</strong>iro manual <strong>de</strong> instruções político. Segun<strong>do</strong> Franco Cambi 12 , “O<br />
Príncipe” <strong>de</strong> Maquiavel é a expressão mais explícita e mais alta <strong>de</strong>sse projeto<br />
‘pedagógico’: <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio e <strong>de</strong> conformação”.<br />
O pensamento <strong>de</strong> Maquiavel surge como um divisor <strong>de</strong> águas <strong>do</strong> pensamento<br />
político vigente: o cristão. José Flávio Pereira acredita que o fator condicionante é o <strong>do</strong><br />
escritor ter vivi<strong>do</strong> na transição <strong>de</strong>ssas duas épocas.<br />
Pelo fato <strong>de</strong> ter vivi<strong>do</strong> na transição entre esses <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s, o<br />
medieval e o mo<strong>de</strong>rno, Maquiavel foi influencia<strong>do</strong> por<br />
elementos filosóficos, políticos e sociais pertencentes tanto à<br />
9 TOUCHARD, Jean. História das I<strong>de</strong>ais Políticas. Lisboa: Publicações Europa-América, 1970.<br />
10 MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 2000.<br />
11 BIGNOTTO, Newton. Nicolau Maquiavel (1469-1527) e a Nova Reflexão Política. In. MAINKA, Peter<br />
Johann (org.). A Caminho <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>rno: Concepções Clássicas da Filosofia Política no século XVI e<br />
o seu Contexto Histórico. Maringá: EDUEM, 2007 (p.49-69).<br />
12 CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Ed. UNESP, 1999.