Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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O processo <strong>de</strong> formação das monarquias centralizadas, Esta<strong>do</strong>s Nacionais, ou<br />
absolutistas ocorreu em fins da Ida<strong>de</strong> Média e se esten<strong>de</strong>u por to<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno<br />
até a Re<strong>vol</strong>ução Francesa em 1789, com a Queda da Bastilha 4 . Discutir a respeito da<br />
correta terminologia para esse processo histórico caberá a um <strong>de</strong>bate em ocasião mais<br />
oportuna. Dessa forma, analisaremos os fatos partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> que o Esta<strong>do</strong> é<br />
“a resposta a uma nova realida<strong>de</strong>: um po<strong>de</strong>r secular que afirma sua jurisdição sobre<br />
um território, em oposição tanto aos po<strong>de</strong>res locais quanto às pretensões <strong>de</strong> ingerência<br />
da Igreja” 5 . Antes, faz-se necessário que entendamos brevemente o contexto pelo qual<br />
passou esse processo histórico.<br />
As transformações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política e econômica que a Europa estava<br />
passan<strong>do</strong> foram responsáveis por formar os homens <strong>do</strong> seu tempo, no que tange ao<br />
renascimento europeu, conceitos como antropocentrismo, individualismo,<br />
racionalismo, <strong>de</strong>ntre outros, estiveram na pauta <strong>do</strong>s pensa<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ssa época. Dessa<br />
forma, observamos em muitos escritos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> mensagens que criam um elo entre<br />
a situação vivida e a situação <strong>de</strong>sejada 6 . Assim sen<strong>do</strong>, como po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r o<br />
papel <strong>de</strong> Nicolau Maquiavel <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse contexto? Qual teria si<strong>do</strong> a principal<br />
contribuição <strong>de</strong> Maquiavel acerca da consolidação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Nacionais na Europa<br />
Mo<strong>de</strong>rna? Para respon<strong>de</strong>r a esses questionamentos – que a priori po<strong>de</strong>m parecer<br />
simples -, <strong>de</strong>vemos recorrer ao contexto <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> e <strong>de</strong>stacar os pontos em que o<br />
pensamento <strong>de</strong> Nicolau Maquiavel diverge <strong>do</strong> pensamento vigente. Mas antes, faz-se<br />
mais <strong>do</strong> que necessário contextualizar, <strong>de</strong> forma breve, os acontecimentos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />
Em fins da Ida<strong>de</strong> Média (por <strong>vol</strong>ta <strong>do</strong> século XIV e XV), mudanças <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />
econômica começam a surgir. A economia monetária, atrelada ao reaparecimento <strong>do</strong><br />
dinheiro – que chegou a <strong>de</strong>saparecer durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> cristalização <strong>do</strong> feudalismo<br />
(Alta Ida<strong>de</strong> Média) – fez com que novos rumos fossem toma<strong>do</strong>s nessa época. Sen<strong>do</strong><br />
4 Não queremos em momento algum simplificar os estu<strong>do</strong>s históricos, mas utilizamos o ano <strong>de</strong> 1789<br />
para datar o fim <strong>do</strong> absolutismo, pois é nesse momento que ocorre a Queda da Bastilha na França, que<br />
<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a bibliografia a respeito <strong>do</strong> assunto, <strong>de</strong>u início ao processo re<strong>vol</strong>ucionário que<br />
<strong>de</strong>sestabilizou o Esta<strong>do</strong> absolutista na França, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> uma reação que se espalhou pela Europa<br />
ao longo <strong>do</strong> século XIX. Cf. GODECHOT, Jacques. As Re<strong>vol</strong>uções: 1770 – 1799. São Paulo: Pioneira, 1976.<br />
5 KRISTCH, Raquel. Rumo ao Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno: as raízes medievais <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus elementos<br />
forma<strong>do</strong>res. Revista <strong>de</strong> Sociologia Política, Curitiba, nº 23, p. 103-114, nov. 2004.<br />
6 LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. São Paulo: Editora Nacional, 1978.