Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
14<br />
enriquecerem às sombras <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras.” 17<br />
O anarquista, segun<strong>do</strong> Oiticica, não é contra a Pátria, mas contra a “Pátria<br />
pretexto <strong>de</strong> extorsão”. Com esses discursos José Oiticica e seus companheiros<br />
tentavam <strong>de</strong>monstrar aos trabalha<strong>do</strong>res que a luta proletária não era antipatriótica,<br />
que o verda<strong>de</strong>iro sentimento <strong>de</strong> patriotismo <strong>de</strong>veria ser expresso no combate a esta<br />
guerra que promovia a separação <strong>do</strong>s homens, a morte da humanida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />
interesses <strong>de</strong> poucos, interesses mercantilistas. Propagan<strong>do</strong> essa idéia, eles buscavam<br />
apoio para dar sequência em sua luta contra a socieda<strong>de</strong> burguesa, visan<strong>do</strong> à<br />
<strong>de</strong>flagração da re<strong>vol</strong>ução que <strong>de</strong>rrubaria a or<strong>de</strong>m vigente.<br />
O ano <strong>de</strong> 1918 surgiu com novos ares para o movimento operário. Se havia<br />
aconteci<strong>do</strong> um arrefecimento sindical nos últimos meses, agora os militantes da causa<br />
operária encontrariam novo ânimo para intensificar sua luta contra a burguesia e o<br />
Esta<strong>do</strong>. “O ano <strong>de</strong> 1918 se inicia sob o signo da vitória da Re<strong>vol</strong>ução Social na Rússia<br />
Soviética” 18 . E possivelmente empolga<strong>do</strong>s com a vitória da <strong>de</strong>flagração contra a<br />
socieda<strong>de</strong> capitalista na Rússia, ainda em Janeiro, anarquistas reúnem-se com o<br />
objetivo <strong>de</strong> constituir a Aliança Anarquista <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, a qual lançaria seu<br />
primeiro Boletim <strong>de</strong> informações já no mês <strong>de</strong> fevereiro. Buscan<strong>do</strong> reorganizar os<br />
trabalha<strong>do</strong>res, intelectuais e militantes, iniciaram a organização <strong>de</strong> outro órgão que<br />
representaria a força operária. No mês <strong>de</strong> março foi então constituída a União Geral<br />
<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res (U.G.T) que nasceu em substituição à FORJ.<br />
Segun<strong>do</strong> Alexandre Samis, Oiticica estava en<strong>vol</strong>vi<strong>do</strong> tanto na construção da<br />
Aliança Anarquista <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro quanto na da UGT e, assim, “alternava sua ação<br />
entre uma entida<strong>de</strong> organizativa e outra <strong>de</strong> classe” 19 . Essa dupla atuação era comum<br />
tanto entre os anarquistas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, quanto <strong>de</strong> outros locais <strong>do</strong> país, visan<strong>do</strong> à<br />
<strong>de</strong>rrocada total da socieda<strong>de</strong> burguesa e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> capitalista, acreditavam na força<br />
<strong>do</strong>s operários. Assim, <strong>de</strong>fendiam que, para que a ação direta <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res se<br />
tornasse mais eficaz, era necessário que se organizassem em sindicatos e organizações<br />
17 OITICICA, José. “A questão operária. Carta aberta <strong>de</strong> José Oiticica ao Sr.Dr. Aurelino Leal”. O<br />
Cosmopolita. Ano II, N°30, abr. 1918.<br />
18 ADDOR, Carlos Augusto. A insurreição anarquista no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Achiamé,2° Ed.<br />
2002, p.96-98.<br />
19 SAMIS, Alexandre. “Presenças Indômitas: José Oiticica e Domingos Passos”. In: FERREIRA, Jorge e REIS,<br />
Daniel Arão. As Formações das Tradições 1889-1945. Col. História das Esquerdas, <strong>vol</strong>. 3. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Civilização Brasileira, 2007, p. 97.