Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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BREVES APONTAMENTOS ACERCA DE UM LIBELISTA PROFISSIONAL<br />
Essa comunicação tenciona apresentar algumas reflexões <strong>de</strong> um projeto que se<br />
encontra em seu início. Trata-se <strong>de</strong> sugestões e <strong>de</strong> hipóteses ainda provisórias <strong>de</strong> uma<br />
pesquisa que se encontra em curso. O projeto <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>, da qual essa comunicação<br />
é tributária, indaga a trajetória político e intelectual, o cônego Januário da Cunha<br />
Barbosa (1780-1846), a partir da abordagem <strong>de</strong> três eixos temáticos: a construção<br />
social <strong>de</strong> sua memória a partir das biografias escritas pela Revista <strong>do</strong> Instituto Histórico<br />
e Geográfico Brasileiro (RHIGB), a produção bibliográfica <strong>de</strong> seus adversários na<br />
nascente literatura e imprensa e por último, preten<strong>do</strong> sustentar como a interrelação<br />
<strong>de</strong> categorias como o tempo e passa<strong>do</strong> – e, por conseguinte, a História – era<br />
dimensionada pelos elementos clássicos <strong>de</strong> exemplo e imitação 2 , e partir daí, como<br />
essas experiências condicionaram os parâmetros da produção <strong>do</strong> conhecimento<br />
histórico no século XIX, mais precisamente das biografias, relativo ao cônego no<br />
interior <strong>do</strong> IHGB. Em Januário observaremos uma mudança semântica quanto ao<br />
senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> que era História. Essa mudança – partilhada pelos funda<strong>do</strong>res <strong>do</strong> IHGB em<br />
1838 – implicará na “passagem <strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> base filosófica e iluminista para<br />
uma história concebida como ciência empírica <strong>do</strong>s fatos passa<strong>do</strong>s 3 ”.<br />
Em sua antologia poética Parnaso Brasileiro, obra inaugural <strong>do</strong> cônego Januário<br />
no gênero na literatura brasileira, as categorias acima mencionadas parecem presidir<br />
os critérios <strong>de</strong> compilação <strong>do</strong>s poemas coligi<strong>do</strong>s: “para acordar o louvor <strong>do</strong>s<br />
beneméritos passa<strong>do</strong>s, e para estimular a sua imitação, assim a presente, como as<br />
gerações futuras 4 ”. E segue “o conhecimento <strong>do</strong> patrimônio opulento, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> como<br />
herança (...) por [nossos] tão gloriosos antepassa<strong>do</strong>s 5 ”.<br />
Embora o autor <strong>do</strong> Parnaso, não tivesse assumi<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira clara o discurso<br />
nativista que apregoava a existência <strong>de</strong> um patrimônio coletivo comum presente na<br />
2 ARAÚJO, Val<strong>de</strong>i Lopes <strong>de</strong>. A experiência <strong>do</strong> tempo: conceitos e narrativas na formação nacional<br />
brasileira (1813-1845). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Hucitec, 2008.<br />
3 Cf. GUIMARÃES, Manuel L. Salga<strong>do</strong>. Entre as Luzes e o Romantismo: as tensões na escrita da história<br />
no Brasil oitocentista, In: GUIMARÃES, Manuel L. Salga<strong>do</strong> (org.). Estu<strong>do</strong>s escrita da História. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: 7 Letras, 2006. p. 72.<br />
4 BARBOSA, Januário da Cunha. Parnaso brasileiro, sº/n.<br />
5 I<strong>de</strong>m.