Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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agradável companhia feminina ou, então, a contemplar suas riquezas empilhadas em<br />
vários sacos <strong>de</strong> dinheiro <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um cofre.” 15<br />
Essas imagens tinham como objetivo dignificar o trabalha<strong>do</strong>r, que somente<br />
com o seu trabalha<strong>do</strong>, justificaria seu mereci<strong>do</strong> <strong>de</strong>scanso e alimento.<br />
O estereótipo <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, ainda segun<strong>do</strong> Raquel <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>, era<br />
representa<strong>do</strong> nas ilustrações como: “produtor da riqueza, escravo – oprimi<strong>do</strong>,<br />
explora<strong>do</strong> – pobre”, em contraste com o patrão, que era representa<strong>do</strong> como: “parasita<br />
– flui<strong>do</strong>r – ocioso, senhor – déspota, opressor, explora<strong>do</strong>r – ladrão, rico”. Em contraste<br />
à exploração, o trabalha<strong>do</strong>r era simboliza<strong>do</strong> como:<br />
[...] pária que trabalha para o engran<strong>de</strong>cimento <strong>do</strong> Brasil,<br />
classe que realmente produz, vítima da exploração, da<br />
prepotência <strong>do</strong>s patrões, fecun<strong>do</strong> e produtivo, escravo da<br />
fábrica, escravo branco, míseros escravos cujo <strong>de</strong>lito exclusivo<br />
consiste em precisarem trabalhar para viver! vive sob o jugo<br />
tirânico, mata-se <strong>de</strong> trabalhar, não consegue viver, fâmulos da<br />
terra em que nasceram, torpemente explora<strong>do</strong>, pobres entes,<br />
miseráveis. 16<br />
Nas publicações da imprensa anarquista, no dia Primeiro <strong>de</strong> Maio, as<br />
ilustrações assumem um papel <strong>de</strong> insistência nas idéias da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> união <strong>do</strong><br />
proletaria<strong>do</strong>, não só na imagem <strong>do</strong> gigantesco trabalha<strong>do</strong>r, mas também no seu punho<br />
cerra<strong>do</strong>, gesto que expressava a convicção e a disposição <strong>de</strong> luta.<br />
Deste mo<strong>do</strong>, o i<strong>de</strong>al <strong>do</strong> Primeiro <strong>de</strong> Maio, nas ilustrações anarquistas,<br />
propunha paralisações e manifestações simultâneas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res conscientes <strong>de</strong><br />
seus direitos. Em uma ilustração publicada no jornal anarquista A Plebe, em abril <strong>de</strong><br />
1933, no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, o trabalha<strong>do</strong>r é representa<strong>do</strong> por uma estátua, com os<br />
braços cruza<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> à sua frente seus instrumentos <strong>de</strong> trabalho, como a bigorna, a<br />
foice e o martelo, transformam-se em símbolos <strong>de</strong> luta. A fábrica opressora ao fun<strong>do</strong><br />
com suas chaminés sem fumaça, expressan<strong>do</strong> a união <strong>do</strong> operaria<strong>do</strong> que cruzava os<br />
braços no dia <strong>do</strong> trabalho, o céu carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> nuvens colaborava para a composição<br />
<strong>de</strong> um ambiente ameaça<strong>do</strong>r, gera<strong>do</strong> pela força operária. 17<br />
15 I<strong>de</strong>m, p. 177.<br />
16 I<strong>de</strong>m, p. 178.<br />
17 I<strong>de</strong>m, p. 206.