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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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cifrão”. 13 Símbolos, como o macha<strong>do</strong>, eram empresta<strong>do</strong>s para representar o i<strong>de</strong>ário<br />

132<br />

O realismo das imagens e o didatismo das longas legendas que as<br />

acompanhavam, transformavam as ilustrações em uma verda<strong>de</strong>ira cartilha para os<br />

trabalha<strong>do</strong>res i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s com o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> protesto. A opressão a que estava sujeito<br />

o trabalha<strong>do</strong>r era representada <strong>de</strong> diferentes formas: “correntes, ‘árvore daninha’,<br />

animais como a cobra ou símbolos da autorida<strong>de</strong>, como canhões, armas, crucifixo e<br />

liberta<strong>do</strong>r, animais eram utiliza<strong>do</strong>s para representar a fera da reação contra os<br />

trabalha<strong>do</strong>res. O trabalha<strong>do</strong>r aparecia com algemas rompidas em vários títulos <strong>de</strong><br />

jornais e, segun<strong>do</strong> Raquel <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>, utilizava-se esta imagem como um símbolo da<br />

prisão, que remetia à i<strong>de</strong>ntificação com a escravidão, termo usa<strong>do</strong> com freqüência<br />

para a nomeação da condição operária, tanto em seu senti<strong>do</strong> figura<strong>do</strong> quanto<br />

histórico.<br />

O burguês tinha como estereótipo características que reproduziam seu esta<strong>do</strong><br />

físico, muitas vezes simboliza<strong>do</strong> pela gordura, que caracterizava o ócio, a riqueza e a<br />

alimentação farta <strong>do</strong> patrão. A igreja era caracterizada por um gigantesco e obeso<br />

padre, aparecen<strong>do</strong> em várias ilustrações anarquistas, com um caráter <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia por<br />

exercer a exploração popular, apontan<strong>do</strong> para a união entre lei e religião, por ser mais<br />

uma forma <strong>de</strong> manipular o trabalha<strong>do</strong>r.<br />

As imagens anarquistas que visavam representar o trabalha<strong>do</strong>r eram<br />

carregadas <strong>de</strong> estereótipos, representan<strong>do</strong> uma vida cheia <strong>de</strong> privações, essas imagens<br />

tinham como função, “<strong>de</strong>nunciar a pobreza material da classe, responsabilizan<strong>do</strong> o<br />

sistema capitalista que seccionava a socieda<strong>de</strong> em ricos e pobres.” 14<br />

As imagens tinham ainda como função divulgar os i<strong>de</strong>ais anarquistas, seja<br />

pelo fato <strong>de</strong> mostrarem as condições a que estavam submeti<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res, ou<br />

<strong>de</strong>monstrarem as diferenças entre o trabalha<strong>do</strong>r e o patrão. O contraste entre as duas<br />

classes era representa<strong>do</strong> em quadros dividi<strong>do</strong>s ao meio, “ten<strong>do</strong> <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> o<br />

trabalha<strong>do</strong>r en<strong>vol</strong>vi<strong>do</strong> em ativida<strong>de</strong> produtiva com seus equipamentos”, enquanto <strong>do</strong><br />

outro la<strong>do</strong> “o burguês ocioso estava a fazer suas refeições em local refina<strong>do</strong>, com<br />

13 I<strong>de</strong>m, p. 206.<br />

14 I<strong>de</strong>m, p. 176.

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