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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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131<br />

próprios trabalha<strong>do</strong>res, com um vocabulário agressivo, ten<strong>do</strong> como principal objetivo<br />

intensificar o apelo à mobilização <strong>do</strong> leitor pela instigação e pela re<strong>vol</strong>ta. 10<br />

Os jornais anarquistas não possuíam anúncios, segun<strong>do</strong> a concepção libertária<br />

eram proibi<strong>do</strong>s, pois os jornais <strong>de</strong>veriam ser sustenta<strong>do</strong>s por seus leitores, caso<br />

contrário per<strong>de</strong>riam o objetivo <strong>do</strong>utrinário. Devi<strong>do</strong> à precária sustentação econômica,<br />

as edições possuíam, em geral, quatro páginas <strong>de</strong> tamanho tablói<strong>de</strong>, com exceção <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> ao Primeiro <strong>de</strong> Maio, que, em geral, recebia um número maior <strong>de</strong><br />

páginas e no qual as ilustrações apareciam repletas <strong>de</strong> alegorias.<br />

Na imprensa operária o Esta<strong>do</strong>, a Igreja e o capitalismo eram representa<strong>do</strong>s<br />

como instituições autoritárias, inimigas <strong>do</strong> proletaria<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser vistos <strong>de</strong> forma<br />

complementar ou entrelaçan<strong>do</strong>-se uns com os outros:<br />

O ESTADO era representa<strong>do</strong> através <strong>de</strong> seus instrumentos<br />

repressivos: Leis, Exército, Parlamento, Política; a IGREJA<br />

emergia através da figura <strong>do</strong> padre, retratan<strong>do</strong> opressão moral<br />

e o CAPITALISMO, por sua vez, expressava a exploração<br />

econômica e opressão <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> classe, apresentan<strong>do</strong>-se<br />

graficamente na imagem <strong>do</strong> gor<strong>do</strong> patrão burguês. 11<br />

Nas ilustrações, a figura feminina aparecia não ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus companheiros<br />

<strong>de</strong> luta, mais sim em trajes clássicos portan<strong>do</strong>, como principal atributo, o barrete frígio<br />

como sinal <strong>de</strong> libertação, assumin<strong>do</strong> uma função alegórica <strong>de</strong> “<strong>de</strong>usa da Liberda<strong>de</strong>”,<br />

indican<strong>do</strong> o i<strong>de</strong>al ao qual o trabalha<strong>do</strong>r consciente <strong>de</strong>veria abraçar. Ainda nas palavras<br />

<strong>de</strong> Raquel <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>:<br />

[...] a mulher trabalha<strong>do</strong>ra era representada, em geral, com um<br />

físico raquítico, compon<strong>do</strong> a família operária e, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

semelhante ao homem explora<strong>do</strong>, era <strong>de</strong>senhada <strong>de</strong> forma que<br />

<strong>de</strong>ixasse patente seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> fraqueza física e moral. 12<br />

Outro elemento presente nas ilustrações <strong>do</strong>s periódicos anarquistas era o sol<br />

nascente que, por sua vez, não tinha um caráter ameaça<strong>do</strong>r, pois representava o início<br />

<strong>de</strong> uma “nova era” <strong>de</strong> um novo porvir, aparecen<strong>do</strong> no horizonte ou emolduran<strong>do</strong><br />

figuras emblemáticas que representavam a re<strong>vol</strong>ução, a liberda<strong>de</strong> ou a anarquia.<br />

10 AZEVEDO, Raquel <strong>de</strong>. A Resistência Anarquista: uma questão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (1927-1937). São Paulo:<br />

Arquivo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Imprensa Oficial, 2002, p. 170.<br />

11 I<strong>de</strong>m, p. 172.<br />

12 I<strong>de</strong>m, p. 216.

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