Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
13<br />
Forças Armadas e aproveitan<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sítio, <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> pelo Congresso Nacional,<br />
após a entrada <strong>do</strong> Brasil na Gran<strong>de</strong> Guerra, o Governo Fe<strong>de</strong>ral fechou todas as<br />
Fe<strong>de</strong>rações operárias <strong>do</strong> Brasil. 13 Ainda no mês <strong>de</strong> julho daquele ano, Aurelino Leal,<br />
então chefe <strong>de</strong> polícia <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral, informou ao Presi<strong>de</strong>nte Venceslau Brás que<br />
or<strong>de</strong>nou o fechamento da FORJ e também <strong>do</strong> Centro Cosmopolita, após ter si<strong>do</strong><br />
recebi<strong>do</strong> a tiros por militantes sindicais. 14<br />
A repressão policial, o fechamento das fe<strong>de</strong>rações e outras medidas tomadas<br />
por parte <strong>do</strong> governo arrefeceram o movimento sindical no final daquele ano <strong>de</strong> 1917.<br />
Outro fator prejudicial à organização operária foi justamente o sentimento <strong>de</strong><br />
patriotismo que aumentou com a entrada <strong>do</strong> país na Primeira Guerra Mundial. No final<br />
<strong>de</strong> outubro o Brasil havia <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> guerra à Alemanha, após o quarto torpe<strong>de</strong>amento<br />
a navios brasileiros por aquele país. O Presi<strong>de</strong>nte Venceslau Brás pediu aos operários<br />
que se mantinham em greve para que retornassem ao trabalho em nome da pátria.<br />
Vários operários não só <strong>vol</strong>taram ao trabalho como também organizaram “batalhões<br />
patrióticos” que visavam angariar fun<strong>do</strong>s para os Alia<strong>do</strong>s. O clero também se<br />
movimentou para exercer sua influência sobre a população, ajudan<strong>do</strong> o governo em<br />
prol da causa nacional. Essa motivação patriótica surtiu efeito e diminuiu as agitações<br />
operárias no final <strong>de</strong> 1917. 15<br />
Os anarquistas, opositores da Guerra Mundial, como já foi menciona<strong>do</strong>,<br />
intensificaram sua batalha contra o conflito; se antes os motivos eram políticos, agora<br />
os militantes da teoria ácrata estavam per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sua força <strong>de</strong> combate. Assim,<br />
tentaram mostrar que os objetivos da Guerra eram contrários aos interesses <strong>do</strong><br />
trabalha<strong>do</strong>r, pois ela era, assim como todas as outras, “mercantil, visceralmente guerra<br />
<strong>de</strong> banqueiros *...+. Os ‘homens <strong>do</strong> dinheiro’ é que fazem guerra, pon<strong>do</strong> à frente os<br />
discursa<strong>do</strong>res e os patriotas entusiastas” 16 . O patriotismo motiva<strong>do</strong> pela guerra<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ria, segun<strong>do</strong> os i<strong>de</strong>ais anarquistas, uma Pátria que seria o motivo da<br />
“separação entre homens, motivo das digladiações comerciais, agrupamentos <strong>de</strong><br />
banqueiros e capitalistas gananciosos que ilu<strong>de</strong>m a massa estulta para se<br />
13 BANDEIRA, Moniz. O ano vermelho: A re<strong>vol</strong>ução russa e seus reflexos no Brasil. São Paulo,<br />
Brasiliense, 2° Ed, 1980, p.116.<br />
14 DULLES, John W. Foster. Anarquistas e Comunistas no Brasil: 1900-1933. Trad. César Parreiras, Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, Nova Fronteira, 1977, p.58.<br />
15 DULLES, John W. Foster. IDEM, p.61-62.<br />
16 OITICICA, José. “O Motivo”. Liberda<strong>de</strong>. Ano II, N°23, Set. 1918.