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Anais - Territórios do Político - vol. 1 - Universidade Estadual de ...

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anarquistas russos Bakunin e Kropotkin e <strong>do</strong> italiano Errico Malatesta eram traduzidas<br />

para muitas línguas, e por outro la<strong>do</strong>, as correntes migratórias também contribuíram<br />

para a difusão das idéias anarquistas, pois vários <strong>de</strong>sses trabalha<strong>do</strong>res já haviam<br />

participa<strong>do</strong> <strong>de</strong> lutas políticas em seus países <strong>de</strong> origem.<br />

No Rio <strong>de</strong> Janeiro, o primeiro registro <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s anarquistas, segun<strong>do</strong><br />

Edilene Tole<strong>do</strong>, é <strong>de</strong> 1892, quan<strong>do</strong> a polícia relata reuniões <strong>de</strong> estrangeiros que<br />

procuravam difundir as idéias libertárias entre os trabalha<strong>do</strong>res. Porém, já em 1890<br />

havia anarquistas no Brasil, sobretu<strong>do</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo. 7<br />

Os anarquistas procuraram difundir as idéias libertárias não somente entre os<br />

operários, <strong>de</strong>nuncian<strong>do</strong> as condições <strong>de</strong> exploração <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res nas fazendas <strong>de</strong><br />

café e nas fábricas da cida<strong>de</strong>, segun<strong>do</strong> Tole<strong>do</strong>, o discurso anarquista também era<br />

en<strong>de</strong>reça<strong>do</strong> à socieda<strong>de</strong>, visto que os libertários queriam emancipar a humanida<strong>de</strong><br />

como um to<strong>do</strong> e não somente os operários.<br />

O movimento anarquista, além <strong>de</strong> incentivar a luta <strong>do</strong> operaria<strong>do</strong> contra a<br />

exploração capitalista, tinha outro objetivo, a propaganda <strong>de</strong> seu i<strong>de</strong>ário e <strong>de</strong> uma<br />

moral não contaminada pelos <strong>do</strong>gmas da Igreja, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da moral burguesa.<br />

A educação ocupava um lugar central para os anarquistas, pois <strong>de</strong>fendiam a<br />

idéia, <strong>de</strong> que só a educação garantiria o êxito da re<strong>vol</strong>ução social, já que tinha a função<br />

<strong>de</strong> tornar possível o acesso à consciência re<strong>vol</strong>ucionária, o autodidatismo popular<br />

tinha lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nos discursos anarquistas, nas palavras <strong>de</strong> Edilene Tole<strong>do</strong>,<br />

[...] acreditavam que o caminho para a transformação da<br />

socieda<strong>de</strong> era a transformação das pessoas pela educação e<br />

pela propaganda. Nesse esforço em favor da educação, a<br />

imprensa era o principal meio <strong>de</strong> expressão das idéias, pois se<br />

tratava <strong>do</strong> único veículo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance. 8<br />

A educação transforma-se assim em um instrumento para a conscientização<br />

<strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res da sua força e <strong>de</strong> seus direitos, ou então, para que o proletaria<strong>do</strong><br />

sinta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar ligas, uniões <strong>de</strong> ofício, associações operárias, sindicatos,<br />

a fim <strong>de</strong> preparar o caminho para greve geral.<br />

7 TOLEDO, Edilene. A trajetória anarquista no Brasil na Primeira República. In: FERREIRA, Jorge; REIS,<br />

Daniel Aarão. (Org.). A formação das tradições (1890-1945). 1 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora Civilização<br />

Brasileira, 2007, v. 1, p. 53-87.<br />

8 I<strong>de</strong>m, p. 72.

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