Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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A IMPRENSA LIBERTÁRIA: JORNALISMO OPERÁRIO E RESISTÊNCIA ANARQUISTA NA<br />
PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XX<br />
João Carlos Marques *<br />
RESUMO: Os lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong> movimento operário brasileiro, nos primeiros anos <strong>do</strong> século<br />
XX, se esforçaram para manter uma unida<strong>de</strong> entre a classe operária brasileira, a fim <strong>de</strong><br />
conseguir melhorias nas condições <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s operários, utilizan<strong>do</strong><br />
diversos mecanismos para organizar os operários, seja por meio <strong>de</strong> associações<br />
sindicais, ou então, da imprensa operária, que em muitos casos foi mais atuante que o<br />
próprio sindicato. Os anarquistas, sobretu<strong>do</strong> aqueles que seguiram uma orientação<br />
sindicalista re<strong>vol</strong>ucionária, utilizaram <strong>de</strong> forma consi<strong>de</strong>rável o jornal operário, com<br />
textos e imagens alusivos aos i<strong>de</strong>ais anarquistas, <strong>de</strong> libertação da classe operária e <strong>de</strong><br />
uma moral que se <strong>de</strong>finia como não contaminada pelos <strong>do</strong>gmas da igreja e <strong>do</strong> patrão<br />
burguês. Sen<strong>do</strong> assim, o trabalho tem por objetivo analisar as características editoriais<br />
<strong>de</strong>sta imprensa que se constituiu no início da Primeira República, e que propiciou uma<br />
tentativa <strong>de</strong> organização da classe trabalha<strong>do</strong>ra brasileira, bem como os i<strong>de</strong>ais da<br />
corrente que pre<strong>do</strong>minaram no movimento operário da Primeira República.<br />
PALAVRAS-CHAVE: Sindicalismo Re<strong>vol</strong>ucionário, Anarquismo, Imprensa.<br />
SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES<br />
A República foi recebida pela classe operária com uma expectativa positiva,<br />
que logo se transformou em uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>silusão, na medida em que se mostrou<br />
incapaz <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r aos anseios da classe operária. 1 Ou seja, com o final <strong>do</strong> regime<br />
monárquico e a implantação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ologia republicana houve a expectativa <strong>de</strong><br />
várias correntes políticas <strong>de</strong> encontrar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implementarem, na prática, a<br />
concretização <strong>de</strong> suas idéias.<br />
Segun<strong>do</strong> Cláudio Batalha, essa <strong>de</strong>silusão propiciou três tipos <strong>de</strong> respostas por<br />
parte <strong>do</strong> movimento operário. A primeira foi “a da busca <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> direitos<br />
sociais, sem questionamento <strong>do</strong> sistema político, sustentada pelo positivismo,<br />
cooperativistas e toda uma série manifestações <strong>do</strong> sindicalismo reformista”; a segunda<br />
* Pós-gradua<strong>do</strong> em nível <strong>de</strong> especialização em História Social e Ensino <strong>de</strong> História pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />
<strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> Londrina. Mestran<strong>do</strong> <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> pós-graduação em História Social pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />
<strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> Londrina<br />
1 BATALHA, Cláudio H. M. Formação da classe operária e projetos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva. In: FERREIRA,<br />
Jorge; DELGADO, Lucília <strong>de</strong> A. Neves (Org.). O tempo <strong>do</strong> liberalismo exclu<strong>de</strong>nte. 1 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Civilização Brasileira, 2003, p. 173.