Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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Santos à AIB, o movimento integralista tentou se aproximar da Frente Negra 10 , e<br />
chegou a contar com o apoio <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte frentenegrino. Porém, parte da Ação<br />
Integralista Brasileira repudiava o exclusivismo racial <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s membros da<br />
Frente, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que esse exclusivismo dividiria os brasileiros, o que estava em<br />
<strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com a proposta integra<strong>do</strong>ra da AIB.<br />
Dentro da Frente Negra, a tensão também existia. Arlin<strong>do</strong> Veiga <strong>do</strong>s Santos era,<br />
como visto, patrianovista e, estan<strong>do</strong> muito próximo <strong>do</strong> integralismo, era acompanha<strong>do</strong><br />
por boa parte da militância negra. Por outro la<strong>do</strong>, alguns militantes da Frente<br />
i<strong>de</strong>ntificavam nos integralistas o fascismo racista que eles repudiavam e, por isso,<br />
recusavam o apoio que Veiga Santos dava à AIB em nome <strong>do</strong>s negros (MALATIAN,<br />
1990, p. 44-48). Alexandre Marques (2008) <strong>de</strong>monstra, além disso, que a guerra da<br />
Etiópia aju<strong>do</strong>u a levar boa parte da militância da Frente para uma posição menos<br />
favorável ao fascismo, o que <strong>de</strong>ve ter leva<strong>do</strong> a resistências contra a posição pró-AIB <strong>de</strong><br />
Veiga Santos.<br />
APONTAMENTOS FINAIS<br />
Conforme verifica<strong>do</strong> na organização e <strong>do</strong>utrina da Frente Negra, esta<br />
instituição apresentava diversos aspectos que permitiriam qualificá-la como fascista.<br />
Afinal, ela era um movimento nacionalista, antiliberal, anticomunista, <strong>de</strong>fensor da<br />
mobilização das massas populares, <strong>vol</strong>ta<strong>do</strong> às classes médias, e com a presença <strong>de</strong> um<br />
lí<strong>de</strong>r carismático.<br />
Além disso, sua i<strong>de</strong>ologia era exclusivista, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> claramente quem era o<br />
“outro” a ser rejeita<strong>do</strong>, os estrangeiros, os brancos em geral. A FNB também esclarecia<br />
quem eram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os verda<strong>de</strong>iros membros da comunida<strong>de</strong> nacional, os negros<br />
(e até certo ponto os mestiços) e aceitavam o recurso à violência, organizan<strong>do</strong> milícias.<br />
Por fim, admiravam Hitler e Mussolini e os aceitavam como exemplos a serem<br />
segui<strong>do</strong>s.<br />
10 Kossling (2004, p. 22) <strong>de</strong>monstra que, além <strong>do</strong> discurso, a AIB buscou se aproximar da Frente Negra a<br />
partir <strong>de</strong> contatos com li<strong>de</strong>ranças frentenegrinas. De acor<strong>do</strong> com a autora, em 1937, um integralista<br />
negro, Olympio Moreira da Silva, ao tentar organizar um núcleo da AIB na região <strong>de</strong> Tieté [SP], buscou<br />
se aproximar da Delegação da Frente Negra da região para “se infiltrar no meio da raça negra local”.