Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
12<br />
matan<strong>do</strong> e ferin<strong>do</strong> vários operários. 10<br />
Esses <strong>do</strong>is pontos cita<strong>do</strong>s por Ad<strong>do</strong>r fazem crer em uma participação, se não<br />
direta, bastante intensa <strong>de</strong> José Oiticica nessa greve na Capital Fe<strong>de</strong>ral. O primeiro<br />
fator para pensarmos em tal participação <strong>de</strong> Oiticica nesta greve é sua intensa atuação<br />
no movimento <strong>de</strong> organização operaria li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> pela FORJ <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>do</strong> ano <strong>de</strong><br />
1917. O segun<strong>do</strong> fator em que me apóio para pensar em tal possibilida<strong>de</strong> é a<br />
relevância <strong>do</strong> <strong>de</strong>sastre no New York Hotel para a <strong>de</strong>flagração da greve. Como foi dito,<br />
o ocorri<strong>do</strong> fez com que os ânimos se exaltassem ainda mais e o sindicato da<br />
construção civil organizasse um protesto que ocorreu no momento <strong>do</strong> enterro das<br />
vítimas. Segun<strong>do</strong> Ad<strong>do</strong>r,<br />
A classe operária comparece em massa à solenida<strong>de</strong> e na tar<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> junho, janelas e sacadas repletas <strong>de</strong> expecta<strong>do</strong>res vêm<br />
o <strong>de</strong>sfilar imponente <strong>de</strong> uma multidão silenciosa calculada em<br />
mais <strong>de</strong> vinte mil pessoas. Ao cair da noite a calma <strong>do</strong> cemitério<br />
São Francisco Xavier é interrompida pela voz <strong>do</strong>s ora<strong>do</strong>res que<br />
atacam a burguesia, criticam a organização social e <strong>de</strong>nunciam<br />
a opressão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, para exaltarem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
organização, o senti<strong>do</strong> da liberda<strong>de</strong>, a gran<strong>de</strong>za da luta<br />
operária e a inevitabilida<strong>de</strong> da re<strong>vol</strong>ução 11<br />
Dentre os ora<strong>do</strong>res que <strong>de</strong>nunciavam o <strong>de</strong>sastre e incentivavam os<br />
trabalha<strong>do</strong>res à luta contra a socieda<strong>de</strong> capitalista, estava José Oiticica. Segun<strong>do</strong> Edgar<br />
Rodrigues, ele, “com a flui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> sua palavra, emocionou to<strong>do</strong>s os presentes<br />
<strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o crime <strong>de</strong> que foram vítimas os 40 pais <strong>de</strong> família”. 12<br />
Pensan<strong>do</strong> na importância, apontada por Ad<strong>do</strong>r a estes fatores, para a<br />
organização e concretização da greve generalizada <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1917 e saben<strong>do</strong> da<br />
participação <strong>de</strong> José Oiticica, tanto na Fe<strong>de</strong>ração Operária, quanto no funeral <strong>do</strong>s<br />
trabalha<strong>do</strong>res, é que se po<strong>de</strong> pensar na hipótese <strong>de</strong> sua efetiva participação na<br />
organização <strong>de</strong> tal greve<br />
No <strong>de</strong>correr da greve, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos intensos combates entre trabalha<strong>do</strong>res e<br />
10 ADDOR, Carlos Augusto. A insurreição anarquista no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Achiamé,2° Ed.<br />
2002, p.96-98<br />
11 CRUZ, Maria Cecília Velasco.”Amarelo e Negro matizes <strong>do</strong> Comportamento Operário n República<br />
Velha. APUD , CAMPOS,Cristina Hebling. O sonhar Libertário: Movimento Operário nos Anos <strong>de</strong> 1917 a<br />
1921. Campinas, Ed. da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Estadual</strong> <strong>de</strong> Campinas, 1988,p.54.<br />
12 RODRIGUES, Edgar. Os Libertários. Rio <strong>de</strong> Janeiro, VRJ, 1993, p.38.