Anais - Territórios do PolÃtico - vol. 1 - Universidade Estadual de ...
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passan<strong>do</strong> pela valorização <strong>do</strong> mestiço como o elemento diferencia<strong>do</strong>r da nação<br />
brasileira. Assim, na década <strong>de</strong> 1930, a constituição racial ou étnica <strong>do</strong> povo era<br />
essencial para se pensar a nacionalida<strong>de</strong> e a nação no Brasil.<br />
Nessa perspectiva, a comparação entre duas organizações político-sociais que<br />
existiram na década <strong>de</strong> 1930 com objetivos distintos po<strong>de</strong> contribuir para<br />
compreen<strong>de</strong>r um pouco melhor esse contexto <strong>de</strong> reconstrução <strong>do</strong> Brasil. A escolha das<br />
instituições: Ação Integralista Brasileira e Frente Negra Brasileira não é aleatória e nem<br />
se <strong>de</strong>ve apenas ao fato <strong>de</strong>las existirem no mesmo perío<strong>do</strong>. A opção se <strong>de</strong>u<br />
principalmente porque verificou-se semelhanças na organização administrativa das<br />
duas instituições e também porque constatou-se relações entre os lí<strong>de</strong>res <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />
movimentos políticos. Nessa perspectiva, apresenta-se a constituição <strong>de</strong> cada uma<br />
<strong>de</strong>las e como elas po<strong>de</strong>m ser aproximadas e distanciadas.<br />
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA E FRENTE NEGRA BRASILEIRA: APROXIMAÇÕES E<br />
DISTANCIAMENTOS<br />
A Ação Integralista Brasileira (AIB) ou Integralismo existiu oficialmente entre<br />
1932 e 1938. Esta organização política apresentava como principal proposta a<br />
(re)construção da nação, ou unida<strong>de</strong> nacional, no Brasil, com base no que consi<strong>de</strong>rava<br />
os aspectos genuinamente nacionais, entre eles a raça ou povo brasileiro. Para a<br />
<strong>do</strong>utrina integralista, a questão racial não po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>svinculada da nacionalida<strong>de</strong>.<br />
Assim, o projeto <strong>de</strong> nação <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vi<strong>do</strong> pela AIB para o Brasil consi<strong>de</strong>rava o povo<br />
brasileiro miscigena<strong>do</strong> a partir das três raças nacionais: a branca, a negra e a indígena.<br />
Para consolidar seu projeto <strong>de</strong> nação para o Brasil, a Ação Integralista Brasileira<br />
estava organizada hierarquicamente com um Chefe Nacional, Plínio Salga<strong>do</strong>, no topo<br />
da organização, auxilia<strong>do</strong> por secretários nacionais e chefes regionais e locais que<br />
<strong>de</strong>veriam seguir as orientações <strong>de</strong> Plínio Salga<strong>do</strong> para li<strong>de</strong>rar os militantes<br />
integralistas. A organização contava, assim, com uma estrutura administrativa muito<br />
bem <strong>de</strong>limitada, uma milícia organizada e uma imprensa oficial 2 . A AIB também<br />
apresentava toda parafernália característica <strong>do</strong>s movimentos fascistas que existiam no<br />
2 Sobre a imprensa integralista ver Cavalari (1999), Oliveira (2009), Simõe (2009), Sentinelo (2011).